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"O gênio e a natureza fizeram uma aliança eterna: o que o primeiro promete, a segunda certamente realiza".
(Friedrich von Schiller)

domingo, 28 de março de 2010

Espelho, espelho meu...

Nesses dois meses em que me mantive distante deste blog, aconteceram diversas coisas comigo e com o mundo. Eu engrenei na minha banda de rock (TriarD'), no objetivo de fazer um novo cenário Rock n' Roll no Brasil, preocupado com o que acontece ao nosso redor. Além disso, tornei-me fã de Engenheiros do Hawaii, peguei um autógrafo do Humberto Gessinger (o qual adotei como mestre) — do qual comprei um livro¹ e com o qual eu me encontrei —, vi a Ana Paula Padrão e tirei foto com o anão do Pânico (risos). Comecei também meu curso de Luthieria². Ah! Fiz vinte anos em 29 de janeiro e, ontem, minha mãe completou 47 anos de vida (revelei, mamãe; risos again). Ainda deu tempo de ingressar na banda Perfeita Simetria (cover dos Engenheiros do Hawaii) nesta semana. Sim, duas bandas (risos again and again)!

Quanto ao mundo, num balanço geral, constata-se que não há tantas boas novas assim — a começar pelos terremotos do Haiti e do Chile, sem contar ainda o sofrimento de todos em Angra e em outros lugares afetados pelas catástrofes naturais. Tudo isso sem contar as mais distintas barbáries humanas... Adentrando este mérito, pudemos acompanhar a resolução do caso Isabella.
Opiniões, todos têm, mas eu gostaria de ressaltar alguns pontos. Num diálogo com a mamãe, concluímos que diversas Isabellas morrem todos os dias vítimas da pior das escórias da humanidade. Nesta semana do julgamento (e por quê não nesses dois últimos anos?) quantas não foram as mães das Isabellas que assistiram àquele papelão e pensaram "Nossa... por que a Justiça não me ajuda também?". Certamente, os assassinos das outras Isabellas ainda passam em frente às casas dessas mães e, sem dúvida, continuam a ameaçá-las e a arquitetar maldades com outras Isabellas. "Test for Echo"...
Que vulgarização da pobre Isabella! Falta de decoro para com ela e a família. Pessoas soltando rojão? Carreatas? Yellow-men que (só) pedem justiça e pessoas com bandeiras... Há tantas coisas a protestar e pelas quais se juntar e lutar. Como gostamos de Panis et Circencis, usarei de minha veneração aos Engenheiros do Hawaii:

"Qualquer nota
Qualquer notícia
Páginas em branco, fotos coloridas

"Qualquer coisa quase nova
Qualquer coisa que se mova é um alvo
E ninguém 'tá salvo
Um disparo
Um estouro."

Bom, se até o "papa é pop", por quê não transformar as nossas vítimas em pop também?
Por que "nossas"? Aí o título da presente reflexão responde por si só. Porém, peço vossa permissão para que eu tente traduzi-lo em algumas palavras.
O mundo é nosso e nós somos do mundo, bem como o mundo somos "eus" e "eus" somos o mundo. Creio que já tenha dito, em outras ocasiões, que nossa condição de vida se manifesta no exterior. O inverso também é verdadeiro. Oras, é pura lógica. Vamos nos deixar ser influenciados pelo capitalismo desenfreado, pelo comunismo desenfreado, pelos crimes, pelas vinganças?

Os desastres naturais são também espelhos, pois a Terra é viva. O Sol é vivo. E infalível. Basta notar sua perfeita sincronia com os demais astros celestes e sua preocupação para com a manutenção da vida aqui em nosso mundo tout bleu. O terremoto que tira um 0,000123ésimo de segundo de dia daqui, junto ao outro que tira um 0,000123ésimo de segundo de dia dali — com vagar (e, principalmente, paciência) — nos ensinam. Basta que compreendamos seus comunicados e coloquemos em prática nossa humanidade. Por que não sermos "amigos do mundo"? Ainda há tempo.

Vamos influenciar um mundo que precisa de cada um de nós?
Utopia? Se o é, contentemo-nos com as mortes das Isabellas e celebremos as outras Isabellas que se tornarão nossas vítimas.


NOTAS

1. No livro "Pra Ser Sincero: 123 variações sobre um mesmo tema", Humberto Gessinger conta a história dos 25 anos dos Engenheiros do Hawaii, mesclando-os com sua vida pessoal e com outros projetos por ele elaborados. Li, adorei e recomendo!
2. Luthieria: atividade à qual se volta o Luthier, profissional que regula, restaura, transforma, constrói instrumentos musicais.