Seja bem-vindo!

"O gênio e a natureza fizeram uma aliança eterna: o que o primeiro promete, a segunda certamente realiza".
(Friedrich von Schiller)

quinta-feira, 9 de junho de 2011

Antares

Morre em mim fusão de sentimentos,
Rica fibra, ação de meus momentos
Às bravias marés de maremotos
Que, da terra, extraem de simples votos.

Recolhera a relva seus altares,
Indicara, à vez, o céu, Antares.
Por meus olhos, versos se engajavam
Nesta nova, pura, ordem reatada.

Não restaram fórmulas do novo —
Assaltante brandamente em jogo,
Arquiteto, império, da verdade.

À fecunda, herege, realidade,
Se põem névoas, pérolas, vaidades
E, por estas, clamo meu sufoco.

sexta-feira, 3 de junho de 2011

Morfeu

Desiludo-me do livro antes crédulo no ser
No qual se recostavam minhas formas do viver
Em prol da revelada iminência do fluir
De vozes pelas veias inspiradas a ruir.

Seriam fogos de artifício a habilitada alegria?
Nela, se comportam, afinal, as orquestradas energias
Retirando-me do eixo de equilíbrio pelo mar — a porta aberta —,
A sonegar, da latitude, minhas mórficas arestas.

Ah, meu suicídio!
Por que, involuntário, não me oprimes?
Lânguidas têm sido tuas garras e origens...

Qual se tem tornado a relevância de meus dias
Se, por meus passos, há desonra em calmaria?
Há desfalque em demasia em meus conteres
Engajados neste pranto em que se fazem meus deveres.

Mórbido comício —
Reumatismo em meu pulsar do dia em vida —,
Em que se vulgariza minha insólita apatia.

quinta-feira, 26 de maio de 2011

Nado só

Hoje, nado só.
Naufragado estou em minha mágoa
A me tornar pó.

Suicídio

Quero me roubar
Àquela víscera imersa:
Quero me matar.

O teto

Teto, nobre teto,
Diz a mim: o que te fiz?
Pois, não vieste aqui...

Perdoa-me, beldade minha

Perdoa-me, beldade minha,
Por faltares de meus tatos,
Pela impercepção da despedida,
Pelo incomensurável triste fato.

Tentei dizer adeus ao nosso adeus,
Pintar um Sol à nossa nova poesia,
À maresia, abster-me de entrelinhas,
Jamais ser, novamente, conhecido por Romeu.

Em vão, ao ilusório lustro, é a tentativa
Dos recortes à composição do quadro hoje meu
Em cujos vales e planícies, sorridente, co-habitas
A mostrar-me que rendido sempre estive aos lábios teus.

Tornar-se-iam irrisórios solfejares de canários
Ao notar dos paladares da ausência reprimida
Desta dama que és em brasa à balística da vida
Em que me deito corriqueiro a desnudar-me de cenários.

segunda-feira, 23 de maio de 2011

Submersão em desgosto

Interrompe-se o costume;
Algum dia, sonhos findam.
Que nada sou, estes mostram
Não só a mim, mas aos teatros e cardumes.

É barrado o corriqueiro pirilampo,
Há tempos preservado, que soubemos construir.
Desânimo desagua sobre as águas deste plano
Submersas em desgosto — depressões a compartir.

Revoltam-se Universos...

O magistério, a mim imposto, é-me imposto a progredir
Dois minutos não me são suficientes
Embora sinta o teu beijo num presente incoerente.
Não displicente, faz-se luz em meu destino, o qual me leva a sucumbir...

Uma estação

Uma estação...
Em meio à futilidade do outono,
Frente à posteridade na qual somos,
A confluir em contrapontos que celebram a canção.

Um doce beijo...
A extirpar, da pobre alma em mim firmada,
O desespero, as angústias: força rara
A qual confere — à luz dos bosques — vilarejos.

Um triste beijo...
À lembrança do início da semana
E da saudade tortuosa que meu coração emana
Pela sólida vertigem dos oráculos, cabanas;
Postados são, em vida minha, som de foz, desassossego.

Uma corda beliscada...
Reverbera no teatro o velho som de meus deveres;
Pelas ondas, navegara o horizonte que concernes
Por estares do meu lado, ó amada enfim louvada.

Visto da saudade

É novo o horizonte entreaberto
Comovo-me à noção de que existes,
Ó futuro, embora ingrato, enfim, correto
Em prol de lúgubres e mórbidas matrizes.

És, ao tempo, tempestade necessária —
A tempestade a acalentar a moda bucoangelical
Ao passo que, de minha torre, és escada
Em que se move algum deserto, embora incerto, teatral.

Exonera-me de meu presente tão inútil!
Confere o meu passado de batalhas
Aliado ao Sol do futuro de glórias.

Sem a natureza intangível, antes fútil,
Jamais ao luxo constritivo me apegava
Ao longo medo de deter o dom da História.

Dom... O tempo em meu peito se inflama,
Mostra minha idade
E que a vida pela vida agora clama
Sem que haja eterno visto da saudade.

Moça

Distante do mundo...
Inúteis palavras
Não valem o esforço
Estão sempre erradas.

A chuva 'tá quente
Bem mais que o mormaço
O azul estridente
Me lembra outros braços

Eu acho que não vale à pena viver...

Moça que não se conhece
Desate esse nó
Que só me enlouquece.

O Universo 'tá longe...
Não sei se desmaio,
Se fico contente,
Se peço teus braços
A exigência pra que ela me abrace é esperar o frio chegar...

Eu acho que não vale à pena viver...

(Quando a noite é muito amena...)
(Quando amar é um problema...)


NOTA:
Letra de música.

Liberta-se o cantar

Vai o dia em metades
Desprendera-se do ar;
Universo sou em partes —
Parentesco em linguajar.

Tensiona-se a vida,
Termina a rebeldia
Neste peito em acalanto
À solda mágica, ao espanto.

Dos dias, as saudades;
Das noites os encantos...
De mares, maresias,
A nobreza do voar.

Liberta-se o cantar
Ao despender da aprazia
A resguardar em si o pranto
Criador de novas frases.

Morte minha

Morte minha, vem, te eleva
Pela derrocada deste teu defunto, espera
À ansiedade, ao consumismo do passar de novos tempos —
Rouquidão formal, exímia, em forma de meus sofrimentos.

De velhos sonhos, mantiveram-se energias
Ideais, suficientes, ao constante ressoar
Dos infortúnios praguejados contra a pífia sinergia.

Baixas calorias —
Melhorias do artifício do discurso dos infames
Ante a lástima instaurada à voz de nossa calmaria.

Revivescer a anistia
Vigorada à inclusão de maus momentos
Pelos males orquestrados, à neurótica euforia.

3457

Pensar cansa,
Morrer descansa.
Viver à esperança
É aguçar perseverança.

Haikai mexicano

Preso em nosso México,
O pensar em meu salgar
À amplitude do eu cético.

Meus pesares

Envio meus pesares
À corja interina e cruel —
Venci-a com cantares.

Mus musculus

Gripado no posto de saúde.
Na fila, irrequieto; o que dói repercute
Velhos rivais, uma flor, desafetos
Sou bem mais que pessoa sem direito a morrer!

Num carro, uma criança observa seu reflexo.
Na riqueza deste carro também vejo meu reflexo:
Nariz de palhaço, alvo risco no espaço
Em que todas as virtudes pedem mais que ir além.

Privado de mostrar conhecimento,
Barrado por mostrar contentamento
Tenho inveja dos pássaros, de cobras e ratos —
Neles, mora o que é simples e preciso ao viver.

Moro em fornos, em telhados!
Sou neurótico, irritado!
Mas eu preciso da Lei!
Mas eu preciso da Lei!

Próximo ao armazém

O vento canta soprano
Cachorros cruzando
O mundo caindo
O Sol se esbanjando.

Putaria na televisão
A nossa cultura é nossa prisão...
Nossas ruas, Guantánamo incerto,
Documento, o crachá: bola de ferro.

Ninguém sabia que morrer aqui
É mais que tortura...

Putaria na televisão
A nossa cultura é nossa prisão...
Nossas ruas, Guantánamo incerto,
Documento, o crachá: bola de ferro.

Ninguém sabia que morrer aqui
É mais que tortura...

Onde 'tá escrito que é preciso ter nome?

Não temos nome nem pra comprar
Não temos nome nem pra comer
Não temos nome nem pra morar
Não temos nome nem pra correr

NOTA:
Letra de música.

Metropolis Blues

Toda vez que o teu trabalho te persegue
É hora do dizer de adeus a cada coisa que fere
E finge estar ali.

Às esquinas da cidade, a ilusão
Ao vazio que se forma às nuvens, coração
Um novo princípio quase sempre é obtido
Ao vento que repousa entre as mãos.

Novas cores, às metrópoles, impressas
Velhos riscos, a audiência é o porão
Geografia, teoria controversa
Aos ouvidos de quem diz nascer do pão.

As bocas são sagradas ao toque das palavras
Um disco invertido ainda diz mais do que a canção
Toda vez que o teu trabalho te persegue

É hora do dizer de adeus a cada coisa que fere
E finge estar ali...


NOTA:
Letra de música.

domingo, 15 de maio de 2011

(Hum)ano


"Quanto tempo...
Quanto tempo faz...
Quanto tempo ficou pra trás...

"Esqueci de fazer a mala,
Fechar a casa,
Dizer 'agora eu vou embora'..."¹

Um ano de amor, desde que você traz luz e esperança aos meus dias, Lari!
Você veio de repente, me arrebatou e não me deu tempo de dizer adeus ao projeto de vida percorrido por meu âmago antes de você. "Não me lembro como eu era antes de você..."².
Todos os beijos, desde AQUELE beijo; todas as músicas; todos os sonhos; todos os planos; todas as dores; todos os sacrifícios.. Sobretudo, todo o AMOR — eis as fórmulas que mantiveram vívida, acesa à eternidade, essa chama que aprendemos a nutrir a cada bom-dia, a cada boa-noite. Como pôde alguém ter mudado a vida deste poeta boêmio que não bebe?
Desafios... eles existem para nos ensinar nosso valor, nosso potencial, nossa força e nossa garra. Foram 365 desafios até aqui. Todos vencidos pela entidade formada pela nossa junção. Fundimo-nos num macrocosmo operante, irrevogável, incapaz de titubear frente às batalhas que lhe surgem feito gumes de uma espada, sejam quais forem as ocasiões.

Criei poemas que falam de "Saudades", de "Potes de remédio e papel de chocolate". Outros falam de uma tal "Vil revolução" e também do "Apartheid". Certos versos me ensinavam que "Crescer dói". Alguns poemas ainda narram certa "Batalha", enquanto outros dizem "Tchau, Léo...". Muitos deles até viraram música. Mas, seja como for, todos reafirmam que estou "Do lado de Lá".

Versos. Tantos versos (bem maiores que as "Nove autorias")... E até agora, depois de uns 1234 poemas, ainda não encontrei uma definição para você, minha Rainha. "Na verdade, 'nada' é uma palavra esperando tradução..."³. Assim dizia um garoto após te conhecer, após provar do gosto do amor; e da promessa do que viria a ser viver em paz.

Amar? Era tão pequeno, pobre e desnecessário. Por quê? Por não amar... por não saber que seu sorriso um dia me acalmaria e me daria forças para gerar moinhos de vento! Você mudaria minha vida!

Vida. Falando em vida, o que dizer de nossa Giovanna? Temos duas lindas princesas que abrilhantam nossos dias. Somos pais! Tornamo-nos fortes, poderosos. Elas nos mostram que "grandes poderes também trazem grandes responsabilidades", como diria o Peter Parker, o Homem Aranha. (rsrs)

Por não saber o que dizer, ficarei por aqui. Sendo breve, em respeito à brevidade que este ano é à eternidade, no intento de torná-lo eterno. Reafirmo: você me faz (Hum)ano!!!

Amo que amo!!!


NOTAS:
1. Música "Quanto Tempo". Titãs. Composição: Tony Belloto;
2. Música"Antes de Você". Titãs. Composição: Paulo Miklos;
3. Música "Piano Bar". Engenheiros do Hawaii. Composição: Humberto Gessinger.

Vídeo de abertura:
"Depois da Meia-Noite". Meu cover de Capital Inicial. Composição: Dinho Ouro Preto e Alvin L.

segunda-feira, 25 de abril de 2011

"Quando fui chuva"

Aprende-se a amar... Intangível, inimaginável, até mesmo incoerente — adjetivos que decerto caracterizam o amor. No entanto, mesmo que, inconscientemente, é possível que nos tornemos seus pupilos. Ataque arrebatador!
Melhor o é quando há correspondência, não somente no correio, mas na principal caixa de cartas: aquela do coração, cujas chaves somente são de posse de uma pessoa — da pessoa certa; a princípio, surreal. Aproximamo-nos deste honroso ser e, quando nos damos por nós, o mesmo já faz parte de nossa vida de modo ímpar. As dúvidas são contrariadas e se mostram inúteis, frágeis, frente à voraz chegada do tempo.

Mais um ano de vida completado por este alguém, por esta Aurora Boreal a irradiar sua essência, conferindo-me a principal das quintessências, em quaisquer que sejam os polos por mim habitados ou mesmo desejados...
Ela chega a cada dia, faz com que meu hoje se refaça e se torne passado, dado, ao horizonte, o olhar ao amanhã — por ele, é feita, neste instante, forte luta — e à profunda eternidade, na qual mergulharemos (e mergulhamos nos minutos que fingimos ser eternos, quando estamos juntos). Brincamos de massinha de modelar. Planejamos. Formamos uma vida. No entanto, a maior das seriedades faz com que os sonhos existam, coabitem com o que se sente, com o que se é, e com o que lutamos para que aconteça.

Larissa, FELIZ ANIVERSÁRIO!!!
Um excelente Ano-Novo pessoal! Estarei contigo neste ano que pousa sobre suas asas neste momento. Conte comigo, meu amor!!!

Para você:

segunda-feira, 4 de abril de 2011

Bonecos ou bonecas II

É menina!

Bonecos ou bonecas I

Neste teu hoje, nobre dia,
Cuja quintessência a inverdade tangencia,
À folha de um caderno se destina uma lágrima:
Emotiva afinidade em que se encerra tua dádiva.

Neste teu hoje, nobre dia,
Ganhaste de presente importantíssima verdade.
Chegaste ao Novo Mundo, pois, deixando-me saudades
Uma vez que a toda a hora quero estar contigo, vida.

Pura, plenamente amor...
Tão forte quanto aquele, por silêncios, traduzido
É o que induzes à certeza de existires, ó meu filho.
(Vem e te aconchega nestes braços, por favor.)

Maior ansiedade nunca antes me ocorrera:
Não deixaste até agora que saibamos o teu nome
Ou que, enfim, compremos bonecos ou bonecas —
Fazes como o pai em seu passado, o qual aguarda teu informe.

Feliz estou por tu estares bem...

Hoje, te verei — é o que me importa —;
És, ao horizonte meu, as portas
A se desbravarem entrementes, finalmente, ao concreto, surreal,
Enquanto, a caminho de tal vista, me aguarda a Aurora Boreal.

sexta-feira, 25 de março de 2011

Varanda improvisada

A dois passos da varanda improvisada,
Projeto, no horizonte, pura vista a farto mar
Em cuja calmaria, devaneios e risadas
Intercalam sua essência em próprio luxo e sibilar.

Há dois dias, não dormia
E, no entanto, não havia-me entregado à eternidade do segundo
À clareza que meus sonhos torna em cálculo fecundo.
Estou aberto ao irrisório semear de mais um dia.

Merecido se diria meu descanso,
Depressivo se faria novo canto.
Em vida, pois, separam-se as pálpebras do tempo:
Nada inexistente se assemelha ao que não vemos.

Mereço algumas horas ao compor de meus sonetos
(Peço-me somente que, de meu amor, jamais me afaste)
Goiabas em olfatos — meus delírios em seu rumo obsoleto
A que me apego à esperança de, à escrita, ter com artes.

Matadouro

Ida ao matadouro
Pútrido momento em que, por futuro, não se escolhe.
Dera-me ainda fosse algum presente duradouro
Entretanto, é por passado que se luta em plena sorte.

Condição seria?
É certeza cereber do próximo Sol com vida?

Alastram-se os eixos,
Confundem-se com as cúpulas e abóbadas do tempo
Um eu sincero, agora incerto, não se arrisca a viver —
É cansativa a eloquente tentativa pela espera de uma vez.

Por fim, que haja, aos raios da manhã, nova esperança
Que o Sol se enobreça e, aos meus pés, diga bom dia
Sem que deste quadro ao horizonte haja inversões, quaisquer façanhas.
(Buscai, ventos diversos, velho mar sem rebeldia!)

domingo, 20 de fevereiro de 2011

Titãs & Marisa Monte - Flores

Esta música (nesta versão) me tem sido importante...

Capacete Vermelho

Nasceste para ser escravo...
Critica, pois, meu capacete!
Seu rubro lembra velho estrago
Exposto a certo palacete.

Exímio será o novo brado;
Epístolas, nosso estilete.
Ao vosso ser, trajai o artefato
Citado nos versos valentes.

As pálpebras de outrem aos prantos
Por forças despendidas — fartas —,
À cor do sangue, desenhemos.

E o mundo cederá em seu espanto.
Criar-se-á do direito em cascatas
Por ruas em que, hoje, vivemos.

Víboras

Vento sarcástico,
Tempo nefasto,
Hoje me inspiram:
Refeição em vísceras!

Qual é o poder?
Sob este ensaio,
Somente o haver
Da cor dos quadros.

Sejamos críticos,
Sejamos víboras...
Contrários! Marcos!

Contra o resquício
Quanto à magia,
Fábulas em fatos.

Soneto despótico

A esta casa tua próximo
O ímpeto, indício, às fases
Cuja mão furta olhares
Nesta écloga despótica.

Remetera-se o pensamento
Deste feto do amor a ti,
Encontraste a quem ver feliz —
Por tuas mãos, criamos bons momentos.

Métricas(,) serão as vozes,
Bélico será o fato,
O amor à luta contra o espaço.

Táticas vis, ferozes,
Cíclicas, a este quadro
Em que, pálido, enfim, infarto.

terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

Solfejares de canários

Solfejares de canários.
Tempo à chuva, novos quadros:
Em que nasce a dominância arquitetada do viver.

Marchas triunfantes da manhã,
Marcas relutantes, estruturas relevantes do abrigo
A esta Terra projetado, entre as praias e o Nilo.

Do avião que hoje passa, alguém acena
A ver paisagens coloridas em lugar do vil sistema
A que se agrega a visão do pessimista
Condenado por suas águas a assistir à sua ilha.

Basta que enxerguemos a verdade
A bradar pela justiça, a ter com asas (liberdade!)
A porta está aberta ao disposto a progredir
Por sua fé em seu futuro, o horizonte a compartir.

A porta

Ecoa o silêncio
A esfomear o paladar.

Nem desta caneta chovem brotos de audácia,
Confinados pela mãe amedrontada com o parto
A ser tecido não somente como um quarto
E, sim, a água, o nutriente, a maresia às acácias.

A porta está trancada
Em seu equívoco, se vão meus sentimentos
A este solo impiedoso, o prantear ao firmamento
Pertencente a sua ação alavancada.

Vícios e figuras de linguagem indecentes
Dão a mim seus ares em momentos deprimentes
Coligados a adventos colossais deste meu ventre
Que é a palavra a mergulhar por minha mente.

Salvos estão meus lábios.
Intacto, por sua vez, está meu coração
Àquela dama, hoje sua dona, postulado
À incerteza do futuro, sublimado, em profusão.

Mar naufragado

É tudo tão complexo...
(Uma compreensão a atropelar o surreal...)
O mundo é desconexo
Em se tratando da magia cardeal.

Venço algum receio cuja fonte desconheço
A galopar por logradouro dos quais sempre me esqueço
Ainda assim, um pingo desta terra — meu bom sangue —
Há de responder às normas do passado conflitante.

Lembro-me de quem eu sou,
As mãos aos olhos, à sacada,
Sem jamais ter sido alguém.

Decifro o mapear em que estou:
Mar naufragado às escadas
Compassadas ao fulgor da ambigüidade que me tem.

Dessarte, a fome — espada — o fizera
Ao coração, à ilusão do emaranhado
De sentidos e aparências — molde a lascas de madeira
Rebuscado às florestas do passado emparelhado.

Mergulho

Tenho medo.

Todo o meu redor é consumido pelo escuro —
Negrume semelhante à tintura de meu sangue
Encontrado à amarga ponte do acaso ao absurdo
Em que repousam certos versos, hoje líricos, andantes.

Encontro-me, ao fim da noite, com um lago
(Tenho o frio a desenhar, à minha pele, tom queimado)
Congelados, em clamor, meus velhos ossos
Ao mundo, recém-chegados, autoproclamam-se meu fóssil.

Está tudo pesado.

Minhas costas não agüentam o ardor enregelado
Comparável à maneira nórdica de ser
A se recusar com nosso clima, ter contato.
Meus joelhos não agüentam o rumor do tal viver.

Mergulho minha face neste lago
Afogo-me às mágoas há tempos em naufrágio
A superfície, imaginária, é um licor a estes olhos
Concordantes à mestria da história de meu fóssil.

domingo, 6 de fevereiro de 2011

Pantera

Seja ao DNA do fóssil primitivo
Ou à gruta, à caverna,
Há fenômenos em meio aos quais não se alivia.

Rebusquemos, ó garoto, o sorriso.
Estudemos ares e costumes desta Terra —
Alemanha e Palestina.

Qual será a voz em nosso íntimo
A dizer que o tempo não mais nos espera
Em regozijo infalível da ironia?

O céu pesa e desaba sobre o Nilo,
Sob o mesmo, preferência, a pantera,
Em si, calcula a presa ontem perdida.

Quanto ao lápis tradutor do teu destino...

sábado, 5 de fevereiro de 2011

Filosofia

Ó, meus bons amigos,
Habitantes desta Terra,
Sigamos nossa vã filosofia!

Esquivemo-nos do frio,
Abracemos causa aérea,
Enfim, fujamos do labor por alegria.

Seja o tom irônico imperativo,
Esqueçamo-nos de que existe atmosfera
Ao passo que o mundo provará nossa energia.

Em meio às honras disto,
Os pais perdem seus filhos —
Em seus corações, se dão novas crateras
A eternizarem o romper de uma magia.

Sabe, ó garoto inibido,
Que teu pai, a ti, por pouco não perdera
A ser veículo em que és a gasolina.

Medo (ou pavor) e arrepio
Ao anoitecer de uma cidade em primavera
O moveram rumo ao Sol de tua vida.

sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

Amar é um detalhe

Maresia, onda, areia
A banharem a sereia,
Protetora eterna.

Só, desanimado,
Vão minhas mãos, aos pedaços.
Mãos em vão — caverna.

Estávamos vivos,
Mãos atadas ao destino
(Ilusão moderna
Em meio à qual nos vimos
E sentimos novo amor,
Às cinzas, favor).

Amar é um detalhe
À expressão de uma fina arte
Sóbria, além de eterna.

Façamos do amor
Nossa viagem. Ao frescor
Das chuvas sinceras.

És meu reino, ó Alteza!
Migro hoje ao mar com a sereia,
Corpo teu é esta Terra.

Caio

Caio desta outra nuvem,
Caio da origem, da horta lúgubre —
Realização e séquito.

Suave encanto

Fora dito: te amo!
Nada fará o meu mudar,
Meu amor, suave encanto.

quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Linguajar do coração

Sei: poupo-me de hiatos,
Aos tercetos, faço dísticos.
Penso em teu retrato.

Sonhar

Tudo, enfim, se vai
E a distância se aproxima:
Termina-se o sonhar.

Vício

Pessoas e alienígenas,
Enxergo um disco voador...
Surreal, igual a ti.

Cisne

Surjo eu apaixonado,
Sou um cisne em meio ao lago. Sim!
Presente és a mim...

Remorso

É o que sentimos ao saber de que falhamos,
É o que corrói quaisquer das mentes por mil anos
Ainda que a batalha seja ganha e uma guerra, em si, vencida
À opção remanescente da luxúria pós-erguida.

Frente aos erros, basta que acertemos,
Que obtenhamos, de atitudes, um terreno
Em que a liberdade, à fantasia, brote flores infinitamente merecidas
Pelas nossas mãos plantadas, entre sonhos e magias.

Estudei o tempo da canção e a metragem do Universo,
Provei da força do futuro ao Sol de raios semi-retos.

Alimentar-me-ei com sobras do remorso hoje sentido,
Agora deglutido a cada passo que, de mim, a rua ganha
A fim de me arriscar a ter com trovas sem sorrisos
À noção comprometida de que a glória, à dor, apanha.

Há de nascer ainda um tom sincero de alegria
Em que se encaixem desses versos do poeta em fantasias
Até que a velha errata, por suas, mãos, por vencida, enfim, se dê
À glória enaltecida do vigor, do horizonte a amanhecer.

Berlim aos Açores

Quando lhe queimam as entranhas e lhe matam esperanças de que o hoje, o amanhã, adquiram cores. Quando a posteridade de facetas se abstém e nos revela a ausência de suas flores... Eis o momento em que me encontro ao desabar do coração.

Uma paixão correspondida a lamentar-se dos amores outrora tão queridos, de Berlim aos meus Açores. Quando se causa uma tragédia, há de se entender que um horizonte é limitado, tão desimportante, ao fechar dos olhos, ao ignorar propositado da existência deste todo. Um erro consertado e concertado pelo outro. Um pranto avariado pelo outro... E toda a nossa dor supera a nossa redenção. Redenção antes sincera, por sua vez, à atualidade a fazer alguém sofrer.

Antes influenciável, hoje aprisionado à teia do indigno amor, um alguém não mais bailara pelos céus do surreal do paraíso (embora ainda o faça com vigor em minha mente). Alguém embevecido pelo amor se vai carente. Em seu auxílio, o que tenho a oferecer é deixar que agora o faça, no intento de lhe conferir a liberdade ontem perdida em minhas asas.

Que voem, pois, sozinhas suas asas, sem o peso de meu corpo! Ao que entendo nem a sorte de nos transformarmos numa borboleta nós tivemos. E o tempo que nos une, ao certo, há de dar romper a este amor por ora fútil a queimar todo o seu ser. Que o tempo não permita que eu me aproxime... Azevedo, vem e busca tua cria!

À metade do dia que não há.

segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

Tráfego de influências

Dizem do tráfico de influências na Política — seja em nossas ruas, seja no Senado. A influência é perigosa, por tender, ao coração, causar seu destoar. Cavalos cantam os pneus e bruxas dançam na fogueira. Nunca antes o poder sobrepujara o poderio.

Compositores necessitam de contatos — proximidade e certa influência sobre o certo alguém — a fim de obterem seu destaque no mercado. Falo com propriedade, pois do mercado ainda não saio (pois, com bolachas e iogurtes, me distraio). Ó, mercado errado, estou em ti!

Por outro lado, a maioria das pessoas sofre influências, sejam elas compositoras, como eu, entre outras características, qualidades e defeitos. Quê de mim seria sem Stevie Ray Vaughan, Jimmy Page e Rush? Quê de mim seria sem Van Halen? Quê de mim seria sem Goethe e José de Alencar? Quê do nosso mundo seria sem o passado que se faz sempre presente?

Certa vez, Noel Gallagher, líder e compositor da banda britânica Oasis, afirmara que, depois dos Beatles, toda a música passar a ser influenciada por eles — consciente ou inconscientemente. Concordo com ele, embora seja suspeito a fazê-lo, afinal, gosto de Noel e de Beatles. Insisto em acreditar que sua opinião está correta, à tentativa de utilização do maior dos sensos críticos.

Johann Wolfgang von Goethe, vanguardista alemão da literatura romancista mundial (e, também, meu escritor predileto), fora em suas obras influenciado, sobretudo, pelo torpor de sua solidão. “Os sofrimentos do jovem Werther” é uma obra epistolar sua que narra a dor de um amor arrebatador, impossível de se tecer. Ao que tudo indica, a abordagem é fidedigna ao transcorrer de fatos da vida do autor, o qual, por sua vez, não seria dos mais fortes do Romantismo sem a tal influência, por mais que a mesma tenha provindo de sua tristeza.

Em meu caso, houvera influência de minha futura esposa. Antes de prosseguir, que fique claro meu intento em não aderir à postura cabotinista.

Desde que conheci aquele “L” de ligação¹, minhas aquarelas se tornaram coloridas, meus horizontes retrataram uma Aurora Boreal e minhas letras têm-se embasado em curvas e luares.

Novos pontos de vista à mesma opinião — vistas a partir de novos pontos!


“Se pensam que eu tenho as mãos vazias e frias
Se pensam que as minhas mãos estão presas (Surpresa!)
Mãos e coração livres e quentes
Chimarrão, leveza...
Mãos e coração livres e quentes
Chimarrão, leveza...”²

Assim como os Beatles à música (de acordo com Noel Gallagher), assim como a solidão ao imortal Goethe... Ela vem com seu olhar, diz dos meus olhos infinitos — sem saber que deles jamais estivera fora — e faz com que um dia se converta em vários anos. Agradeço profundamente por tal influência, o amor que se estende do Minuano a Potengi e faz com que o garoto que reside no coração deste pai jamais adoeça e/ou morra. Graças a ti, sou o garoto, o adulto, o pai, teu namorado, teu noivo. Teu futuro marido.

Aos oito meses do dia em que não fui te ver.


NOTAS:
1. “L” de ligação por vir do nome Larissa, minha influência;
2. Música “Ilex paraguariensis”. Banda Engenheiros do Hawaii. Compositor: Humberto Gessinger.