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"O gênio e a natureza fizeram uma aliança eterna: o que o primeiro promete, a segunda certamente realiza".
(Friedrich von Schiller)

sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

Amar é um detalhe

Maresia, onda, areia
A banharem a sereia,
Protetora eterna.

Só, desanimado,
Vão minhas mãos, aos pedaços.
Mãos em vão — caverna.

Estávamos vivos,
Mãos atadas ao destino
(Ilusão moderna
Em meio à qual nos vimos
E sentimos novo amor,
Às cinzas, favor).

Amar é um detalhe
À expressão de uma fina arte
Sóbria, além de eterna.

Façamos do amor
Nossa viagem. Ao frescor
Das chuvas sinceras.

És meu reino, ó Alteza!
Migro hoje ao mar com a sereia,
Corpo teu é esta Terra.

Caio

Caio desta outra nuvem,
Caio da origem, da horta lúgubre —
Realização e séquito.

Suave encanto

Fora dito: te amo!
Nada fará o meu mudar,
Meu amor, suave encanto.

quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Linguajar do coração

Sei: poupo-me de hiatos,
Aos tercetos, faço dísticos.
Penso em teu retrato.

Sonhar

Tudo, enfim, se vai
E a distância se aproxima:
Termina-se o sonhar.

Vício

Pessoas e alienígenas,
Enxergo um disco voador...
Surreal, igual a ti.

Cisne

Surjo eu apaixonado,
Sou um cisne em meio ao lago. Sim!
Presente és a mim...

Remorso

É o que sentimos ao saber de que falhamos,
É o que corrói quaisquer das mentes por mil anos
Ainda que a batalha seja ganha e uma guerra, em si, vencida
À opção remanescente da luxúria pós-erguida.

Frente aos erros, basta que acertemos,
Que obtenhamos, de atitudes, um terreno
Em que a liberdade, à fantasia, brote flores infinitamente merecidas
Pelas nossas mãos plantadas, entre sonhos e magias.

Estudei o tempo da canção e a metragem do Universo,
Provei da força do futuro ao Sol de raios semi-retos.

Alimentar-me-ei com sobras do remorso hoje sentido,
Agora deglutido a cada passo que, de mim, a rua ganha
A fim de me arriscar a ter com trovas sem sorrisos
À noção comprometida de que a glória, à dor, apanha.

Há de nascer ainda um tom sincero de alegria
Em que se encaixem desses versos do poeta em fantasias
Até que a velha errata, por suas, mãos, por vencida, enfim, se dê
À glória enaltecida do vigor, do horizonte a amanhecer.

Berlim aos Açores

Quando lhe queimam as entranhas e lhe matam esperanças de que o hoje, o amanhã, adquiram cores. Quando a posteridade de facetas se abstém e nos revela a ausência de suas flores... Eis o momento em que me encontro ao desabar do coração.

Uma paixão correspondida a lamentar-se dos amores outrora tão queridos, de Berlim aos meus Açores. Quando se causa uma tragédia, há de se entender que um horizonte é limitado, tão desimportante, ao fechar dos olhos, ao ignorar propositado da existência deste todo. Um erro consertado e concertado pelo outro. Um pranto avariado pelo outro... E toda a nossa dor supera a nossa redenção. Redenção antes sincera, por sua vez, à atualidade a fazer alguém sofrer.

Antes influenciável, hoje aprisionado à teia do indigno amor, um alguém não mais bailara pelos céus do surreal do paraíso (embora ainda o faça com vigor em minha mente). Alguém embevecido pelo amor se vai carente. Em seu auxílio, o que tenho a oferecer é deixar que agora o faça, no intento de lhe conferir a liberdade ontem perdida em minhas asas.

Que voem, pois, sozinhas suas asas, sem o peso de meu corpo! Ao que entendo nem a sorte de nos transformarmos numa borboleta nós tivemos. E o tempo que nos une, ao certo, há de dar romper a este amor por ora fútil a queimar todo o seu ser. Que o tempo não permita que eu me aproxime... Azevedo, vem e busca tua cria!

À metade do dia que não há.

segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

Tráfego de influências

Dizem do tráfico de influências na Política — seja em nossas ruas, seja no Senado. A influência é perigosa, por tender, ao coração, causar seu destoar. Cavalos cantam os pneus e bruxas dançam na fogueira. Nunca antes o poder sobrepujara o poderio.

Compositores necessitam de contatos — proximidade e certa influência sobre o certo alguém — a fim de obterem seu destaque no mercado. Falo com propriedade, pois do mercado ainda não saio (pois, com bolachas e iogurtes, me distraio). Ó, mercado errado, estou em ti!

Por outro lado, a maioria das pessoas sofre influências, sejam elas compositoras, como eu, entre outras características, qualidades e defeitos. Quê de mim seria sem Stevie Ray Vaughan, Jimmy Page e Rush? Quê de mim seria sem Van Halen? Quê de mim seria sem Goethe e José de Alencar? Quê do nosso mundo seria sem o passado que se faz sempre presente?

Certa vez, Noel Gallagher, líder e compositor da banda britânica Oasis, afirmara que, depois dos Beatles, toda a música passar a ser influenciada por eles — consciente ou inconscientemente. Concordo com ele, embora seja suspeito a fazê-lo, afinal, gosto de Noel e de Beatles. Insisto em acreditar que sua opinião está correta, à tentativa de utilização do maior dos sensos críticos.

Johann Wolfgang von Goethe, vanguardista alemão da literatura romancista mundial (e, também, meu escritor predileto), fora em suas obras influenciado, sobretudo, pelo torpor de sua solidão. “Os sofrimentos do jovem Werther” é uma obra epistolar sua que narra a dor de um amor arrebatador, impossível de se tecer. Ao que tudo indica, a abordagem é fidedigna ao transcorrer de fatos da vida do autor, o qual, por sua vez, não seria dos mais fortes do Romantismo sem a tal influência, por mais que a mesma tenha provindo de sua tristeza.

Em meu caso, houvera influência de minha futura esposa. Antes de prosseguir, que fique claro meu intento em não aderir à postura cabotinista.

Desde que conheci aquele “L” de ligação¹, minhas aquarelas se tornaram coloridas, meus horizontes retrataram uma Aurora Boreal e minhas letras têm-se embasado em curvas e luares.

Novos pontos de vista à mesma opinião — vistas a partir de novos pontos!


“Se pensam que eu tenho as mãos vazias e frias
Se pensam que as minhas mãos estão presas (Surpresa!)
Mãos e coração livres e quentes
Chimarrão, leveza...
Mãos e coração livres e quentes
Chimarrão, leveza...”²

Assim como os Beatles à música (de acordo com Noel Gallagher), assim como a solidão ao imortal Goethe... Ela vem com seu olhar, diz dos meus olhos infinitos — sem saber que deles jamais estivera fora — e faz com que um dia se converta em vários anos. Agradeço profundamente por tal influência, o amor que se estende do Minuano a Potengi e faz com que o garoto que reside no coração deste pai jamais adoeça e/ou morra. Graças a ti, sou o garoto, o adulto, o pai, teu namorado, teu noivo. Teu futuro marido.

Aos oito meses do dia em que não fui te ver.


NOTAS:
1. “L” de ligação por vir do nome Larissa, minha influência;
2. Música “Ilex paraguariensis”. Banda Engenheiros do Hawaii. Compositor: Humberto Gessinger.