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"O gênio e a natureza fizeram uma aliança eterna: o que o primeiro promete, a segunda certamente realiza".
(Friedrich von Schiller)

quinta-feira, 26 de maio de 2011

Nado só

Hoje, nado só.
Naufragado estou em minha mágoa
A me tornar pó.

Suicídio

Quero me roubar
Àquela víscera imersa:
Quero me matar.

O teto

Teto, nobre teto,
Diz a mim: o que te fiz?
Pois, não vieste aqui...

Perdoa-me, beldade minha

Perdoa-me, beldade minha,
Por faltares de meus tatos,
Pela impercepção da despedida,
Pelo incomensurável triste fato.

Tentei dizer adeus ao nosso adeus,
Pintar um Sol à nossa nova poesia,
À maresia, abster-me de entrelinhas,
Jamais ser, novamente, conhecido por Romeu.

Em vão, ao ilusório lustro, é a tentativa
Dos recortes à composição do quadro hoje meu
Em cujos vales e planícies, sorridente, co-habitas
A mostrar-me que rendido sempre estive aos lábios teus.

Tornar-se-iam irrisórios solfejares de canários
Ao notar dos paladares da ausência reprimida
Desta dama que és em brasa à balística da vida
Em que me deito corriqueiro a desnudar-me de cenários.

segunda-feira, 23 de maio de 2011

Submersão em desgosto

Interrompe-se o costume;
Algum dia, sonhos findam.
Que nada sou, estes mostram
Não só a mim, mas aos teatros e cardumes.

É barrado o corriqueiro pirilampo,
Há tempos preservado, que soubemos construir.
Desânimo desagua sobre as águas deste plano
Submersas em desgosto — depressões a compartir.

Revoltam-se Universos...

O magistério, a mim imposto, é-me imposto a progredir
Dois minutos não me são suficientes
Embora sinta o teu beijo num presente incoerente.
Não displicente, faz-se luz em meu destino, o qual me leva a sucumbir...

Uma estação

Uma estação...
Em meio à futilidade do outono,
Frente à posteridade na qual somos,
A confluir em contrapontos que celebram a canção.

Um doce beijo...
A extirpar, da pobre alma em mim firmada,
O desespero, as angústias: força rara
A qual confere — à luz dos bosques — vilarejos.

Um triste beijo...
À lembrança do início da semana
E da saudade tortuosa que meu coração emana
Pela sólida vertigem dos oráculos, cabanas;
Postados são, em vida minha, som de foz, desassossego.

Uma corda beliscada...
Reverbera no teatro o velho som de meus deveres;
Pelas ondas, navegara o horizonte que concernes
Por estares do meu lado, ó amada enfim louvada.

Visto da saudade

É novo o horizonte entreaberto
Comovo-me à noção de que existes,
Ó futuro, embora ingrato, enfim, correto
Em prol de lúgubres e mórbidas matrizes.

És, ao tempo, tempestade necessária —
A tempestade a acalentar a moda bucoangelical
Ao passo que, de minha torre, és escada
Em que se move algum deserto, embora incerto, teatral.

Exonera-me de meu presente tão inútil!
Confere o meu passado de batalhas
Aliado ao Sol do futuro de glórias.

Sem a natureza intangível, antes fútil,
Jamais ao luxo constritivo me apegava
Ao longo medo de deter o dom da História.

Dom... O tempo em meu peito se inflama,
Mostra minha idade
E que a vida pela vida agora clama
Sem que haja eterno visto da saudade.

Moça

Distante do mundo...
Inúteis palavras
Não valem o esforço
Estão sempre erradas.

A chuva 'tá quente
Bem mais que o mormaço
O azul estridente
Me lembra outros braços

Eu acho que não vale à pena viver...

Moça que não se conhece
Desate esse nó
Que só me enlouquece.

O Universo 'tá longe...
Não sei se desmaio,
Se fico contente,
Se peço teus braços
A exigência pra que ela me abrace é esperar o frio chegar...

Eu acho que não vale à pena viver...

(Quando a noite é muito amena...)
(Quando amar é um problema...)


NOTA:
Letra de música.

Liberta-se o cantar

Vai o dia em metades
Desprendera-se do ar;
Universo sou em partes —
Parentesco em linguajar.

Tensiona-se a vida,
Termina a rebeldia
Neste peito em acalanto
À solda mágica, ao espanto.

Dos dias, as saudades;
Das noites os encantos...
De mares, maresias,
A nobreza do voar.

Liberta-se o cantar
Ao despender da aprazia
A resguardar em si o pranto
Criador de novas frases.

Morte minha

Morte minha, vem, te eleva
Pela derrocada deste teu defunto, espera
À ansiedade, ao consumismo do passar de novos tempos —
Rouquidão formal, exímia, em forma de meus sofrimentos.

De velhos sonhos, mantiveram-se energias
Ideais, suficientes, ao constante ressoar
Dos infortúnios praguejados contra a pífia sinergia.

Baixas calorias —
Melhorias do artifício do discurso dos infames
Ante a lástima instaurada à voz de nossa calmaria.

Revivescer a anistia
Vigorada à inclusão de maus momentos
Pelos males orquestrados, à neurótica euforia.

3457

Pensar cansa,
Morrer descansa.
Viver à esperança
É aguçar perseverança.

Haikai mexicano

Preso em nosso México,
O pensar em meu salgar
À amplitude do eu cético.

Meus pesares

Envio meus pesares
À corja interina e cruel —
Venci-a com cantares.

Mus musculus

Gripado no posto de saúde.
Na fila, irrequieto; o que dói repercute
Velhos rivais, uma flor, desafetos
Sou bem mais que pessoa sem direito a morrer!

Num carro, uma criança observa seu reflexo.
Na riqueza deste carro também vejo meu reflexo:
Nariz de palhaço, alvo risco no espaço
Em que todas as virtudes pedem mais que ir além.

Privado de mostrar conhecimento,
Barrado por mostrar contentamento
Tenho inveja dos pássaros, de cobras e ratos —
Neles, mora o que é simples e preciso ao viver.

Moro em fornos, em telhados!
Sou neurótico, irritado!
Mas eu preciso da Lei!
Mas eu preciso da Lei!

Próximo ao armazém

O vento canta soprano
Cachorros cruzando
O mundo caindo
O Sol se esbanjando.

Putaria na televisão
A nossa cultura é nossa prisão...
Nossas ruas, Guantánamo incerto,
Documento, o crachá: bola de ferro.

Ninguém sabia que morrer aqui
É mais que tortura...

Putaria na televisão
A nossa cultura é nossa prisão...
Nossas ruas, Guantánamo incerto,
Documento, o crachá: bola de ferro.

Ninguém sabia que morrer aqui
É mais que tortura...

Onde 'tá escrito que é preciso ter nome?

Não temos nome nem pra comprar
Não temos nome nem pra comer
Não temos nome nem pra morar
Não temos nome nem pra correr

NOTA:
Letra de música.

Metropolis Blues

Toda vez que o teu trabalho te persegue
É hora do dizer de adeus a cada coisa que fere
E finge estar ali.

Às esquinas da cidade, a ilusão
Ao vazio que se forma às nuvens, coração
Um novo princípio quase sempre é obtido
Ao vento que repousa entre as mãos.

Novas cores, às metrópoles, impressas
Velhos riscos, a audiência é o porão
Geografia, teoria controversa
Aos ouvidos de quem diz nascer do pão.

As bocas são sagradas ao toque das palavras
Um disco invertido ainda diz mais do que a canção
Toda vez que o teu trabalho te persegue

É hora do dizer de adeus a cada coisa que fere
E finge estar ali...


NOTA:
Letra de música.

domingo, 15 de maio de 2011

(Hum)ano


"Quanto tempo...
Quanto tempo faz...
Quanto tempo ficou pra trás...

"Esqueci de fazer a mala,
Fechar a casa,
Dizer 'agora eu vou embora'..."¹

Um ano de amor, desde que você traz luz e esperança aos meus dias, Lari!
Você veio de repente, me arrebatou e não me deu tempo de dizer adeus ao projeto de vida percorrido por meu âmago antes de você. "Não me lembro como eu era antes de você..."².
Todos os beijos, desde AQUELE beijo; todas as músicas; todos os sonhos; todos os planos; todas as dores; todos os sacrifícios.. Sobretudo, todo o AMOR — eis as fórmulas que mantiveram vívida, acesa à eternidade, essa chama que aprendemos a nutrir a cada bom-dia, a cada boa-noite. Como pôde alguém ter mudado a vida deste poeta boêmio que não bebe?
Desafios... eles existem para nos ensinar nosso valor, nosso potencial, nossa força e nossa garra. Foram 365 desafios até aqui. Todos vencidos pela entidade formada pela nossa junção. Fundimo-nos num macrocosmo operante, irrevogável, incapaz de titubear frente às batalhas que lhe surgem feito gumes de uma espada, sejam quais forem as ocasiões.

Criei poemas que falam de "Saudades", de "Potes de remédio e papel de chocolate". Outros falam de uma tal "Vil revolução" e também do "Apartheid". Certos versos me ensinavam que "Crescer dói". Alguns poemas ainda narram certa "Batalha", enquanto outros dizem "Tchau, Léo...". Muitos deles até viraram música. Mas, seja como for, todos reafirmam que estou "Do lado de Lá".

Versos. Tantos versos (bem maiores que as "Nove autorias")... E até agora, depois de uns 1234 poemas, ainda não encontrei uma definição para você, minha Rainha. "Na verdade, 'nada' é uma palavra esperando tradução..."³. Assim dizia um garoto após te conhecer, após provar do gosto do amor; e da promessa do que viria a ser viver em paz.

Amar? Era tão pequeno, pobre e desnecessário. Por quê? Por não amar... por não saber que seu sorriso um dia me acalmaria e me daria forças para gerar moinhos de vento! Você mudaria minha vida!

Vida. Falando em vida, o que dizer de nossa Giovanna? Temos duas lindas princesas que abrilhantam nossos dias. Somos pais! Tornamo-nos fortes, poderosos. Elas nos mostram que "grandes poderes também trazem grandes responsabilidades", como diria o Peter Parker, o Homem Aranha. (rsrs)

Por não saber o que dizer, ficarei por aqui. Sendo breve, em respeito à brevidade que este ano é à eternidade, no intento de torná-lo eterno. Reafirmo: você me faz (Hum)ano!!!

Amo que amo!!!


NOTAS:
1. Música "Quanto Tempo". Titãs. Composição: Tony Belloto;
2. Música"Antes de Você". Titãs. Composição: Paulo Miklos;
3. Música "Piano Bar". Engenheiros do Hawaii. Composição: Humberto Gessinger.

Vídeo de abertura:
"Depois da Meia-Noite". Meu cover de Capital Inicial. Composição: Dinho Ouro Preto e Alvin L.