Seja bem-vindo!

"O gênio e a natureza fizeram uma aliança eterna: o que o primeiro promete, a segunda certamente realiza".
(Friedrich von Schiller)

sábado, 31 de julho de 2010

Ideias

Preciso parar de idealizar as coisas
E começar a idear, a dar ideias
Que ultrapassem a ralé que "dá ideia"
Ou permitam a alguém que faça escolhas.

Ninguém é como imaginamos.
Ninguém é exatamente como queremos...

Por outro lado,
Deixamos muito a desejar.
Deixaremos um alguém sem se orgulhar
Por não sermos tão perfeitos quanto querem;
Por não termos os padrões que nos repelem.

Há sempre um novo fascínio por trás do mesmo solo de guitarra.
Há sempre um bom motivo a se dizer que se é o cara
Entre as vidas ,entre-as-mentes da magia do viver,
Entre um grupo que enxerga sem, ao menos, ter que ver.

União sem emoção é sofrimento.
Emoção sem sofrimento é argumento.
Desde que saibamos nos saudar...
Desde que façamos nosso andar
Por entre as vigas do silêncio e da justiça
Até que haja um novo jeito
De viver a própria vida.

Celular

Como é bom sair sem aparelho celular:
Não medimos o que somos; quem precisa salivar?
Deixamos sentimentos irrisórios no poder;
Provamos que quem compra é quem precisa se vender.

Seria melhor se esconder debaixo da mesa de bar
Que pedir somente água e não ser tão "pop star".
Mais distante do momento é saber nunca perder —
Bem melhor que olhar pr'o céu e não saber o que fazer.

O aparelho celular nos expulsou do compromisso,
Pois dizemos onde estamos,
Dizemos que não vamos mais.

Pela riqueza, o ser humano é bem quisto;
Por não ser mais tão humano;
Por fazer comerciais.

Há tempos, capacetes e viseiras não nos dão mais proteção —
São memórias, "outdoors" e tanto amor em contramão.
Existe algo mais errado que dever não-se-despir?
Existe algo mais errado que dizer o que vestir?
Vestimos este bom sapato,
Vestimos outro bom cigarro
Tão felizes por bom grado
Por não sermos tão otários.

Ainda bem que os marcianos desistiram do fiasco
De descer aqui na Terra e tomar café gelado.
De tão dignos, chegamos ao ridículo.
De tão límpidos, chegamos ao espirro
Dado pela alergia ao normal tão anormal
Dado por desgosto à velha tribo do jornal.

Parece absurdo pedir à vida que ela viva.
É mais que só tortura ter a mente sã, vazia,
Por sabermos que há limites e atalhos às esquinas.
E, depois, vêm as empresas com "Teatro e Sinergia".

Somos peixes revoltados sob um mar de covardia,
Somos pássaros criados em viveiros de mentira
Ou macacos amestrados que só usam fantasias.
E tem bicho até contente por sentir a maresia...

Se for para gostar de Carnaval, por que tratá-lo só como cerveja
Que se abre num boteco, num mercado, faz-se brinde, bebe à mesa?

Malditos costumes aos quais nos acostumamos.
Malditos alienados que só vivem reparando
No azar de quem compara e não compra,
No sufoco de quem cria e nada contra
As correntes dos poderes,
A derrota dos saberes
Sem apego ao salivar,
Sem ter medo de nadar.

Tornamo-nos ditadores de nossa própria decadência
Ou meros assessores do prazer(,) da indecência.
Onde foi parar o real valor das águas
Que tingem de azul o chão, o céu e o mar?
Agora, nós brindamos sangue ralo às escadas
E, nele, nos postamos sem saber nem solfejar.

Ser pequeno é fácil por não ser necessário crescer.
Ser grande é simples por não ser preciso crescer.
Esquecemo-no de nosso dever de ser honestos e remédios
Por valor à abordagem do saber, do ser concreto.

Haverá o dia do querer sem mais querer
E dos jogos de palavras do alpiste do saber.
Desde que queiramos dar ouvidos às lembranças
E não mais às paredes, que nos rendem à inconstância.

Fotografias dadas de presente (são Universos paralelos)

Ao término de cada contratempo,
Ao final de cada discussão,
(No fim das contas,)
Acaba tudo bem...
(Panta rei!?)

Somatória dos barris de sentimento,
Nos primórdios de cada risco da ilusão —
Precipício em meio à tez em que me encontras —,
Fizemos com que cada "stória" terminasse bem.

Interessante o fato de nos termos rejeitado
Sem saber que, num e n'outro, repousava a salvação
Que as igrejas, aos preceitos, apresentam por estados
Da matéria inefável do amor que soa em vão.

Vimos e voltamos sem jamais termos partido,
Rimos e choramos sem ligar para o passado!
Sem ligar a esses anos que vivemos sem sentido,
Compensando breves anos que viveste sem meus braços
(Mesmo que tenhas de dormir sem eles,
Sabe que são meus, mas pertencem só a ti).

Vejo as fotos que me deste de presente —
Presentes que pedi;
Presentes que senti...
Nelas, os teus olhos me convidam
Afim de que eu me lance por teu cosmos da verdade,
Afim de que eu crie um Universo de verdade.
(Eu o crio com paixão...)

Teus olhos (destas fotos) são Universos paralelos
Cujo máximo defeito é impedir que eu os habite,
Que eu retire o que é meu e assim fomente o meu castelo.
Tu não ensinaste, mas eu sei que tudo existe...

Acerca do presente mistério,
O meu Deus, que se chama coração, o desvendara por completo:
Minha loucura
E minha ousadia
Sempre são defeitos que dão graça aos meus dias
Como sempre, elas me levam a algum lugar;
Quase sempre, não me guiam a lugar algum.

Por conseguinte, choro, luto, rezo;
Vivo onde nunca se poderia viver:
Nos sonhos e nas fotos de um alguém por quem espero
E vem ao meu encontro, à vontade de vencer.
(Nada que alguns lápis de cor não pudessem resolver...)

Posso cantar sua canção pela última vez?

"If this old heart could talk
It'd say you're the one"¹.
(Jon Bon Jovi)

I.
Há instantes que, em instantes, eu perdi minha namorada.
Dois desprezos se passaram desde a última cartada
Que a vida, de sacana, dera em troca do passado
A vozes plácidas do Olimpo, indulgentes do errado.

Perdi tua destreza,
Perdi o teu carinho,
Perdi tua beleza;
Perdi: fiquei sozinho.

E, nas esquinas que separam insensatez de solidão,
Me sentei, pedi esmola: praguejei meu violão.
De tons dobrados, afagados
Pelas notas e acordes que contêm meu coração.

(Talvez, um dia, ela não volte.
E, nesse dia, ao que tudo indica, eu serviria de suporte
Às mágoas dos aventureiros que não param de remar.
Talvez, assim, eu reconheça que o amor já não dá mais.)

Por que tens nojo desta boca que tanto compusera tua alegria
Se não deixaste teu cigarro (ao menos) à alvorada de um só dia?
Machucávamo-nos para ver aonde essas tristeza iria,
Arranhávamo-nos para ver se as noites cercariam o dia
Sem pensar no sofrimento que aumentou nossa distância
E "brigamos sem brigar" só para matar as esperanças.

As saudades se tornaram maiores que tudo
Talvez maiores — uma pena! — que o amor
Que, há meses, neste mundo, nos guiava no escuro
Sem que houvesse um só inverno, nos girava em seu calor.

Ah, que saudades das nossas cartinhas...
Que saudade de te ver até na sopa de letrinhas...

Que vontade de escrever "no céu" o quanto eu te amava...
Que vontade de te dar um véu
Até mesmo em hora errada...

Sonho, sentimento, que talvez não tenha nexo.
Dor e sofrimento que nasceu do nosso esmero.

(Anúncio do despertador:)

II.
"If I could just rewind
I see it in my mind...
If I could turn back time
You'd still be mine..."²

Eu só queria te cantar à tua música de novo.
Eu só queria te mostrar a tua música de novo.
Pois, do lado de Cá da coisa, as coisas nunca deram certo
Quando o forte do amor é correr risco e ser correto.

Posso cantar tua canção pela última vez
(Olhando pr'os teus olhos,
Olhando sem te ver)?
Posso te dizer por que minha vida é um inferno?
Aprendi a "ser sincero"
E, assim, morri infeliz.

Por fim,
É irônico que eu me lembre:
"Do lado de Lá da ponte, estão meus sonhos
Do mesmo Lá que vem depois do Sol num sonho
E, com ele, alguém chega a Si,
Enfim,
Vive sem Dó nem medo de ser feliz
Anyway..."³


NOTAS:
1 e 2. Música "Misunderstood". Bon Jovi. Composição: Jon Bon Jovi;
3. Música "Do lado de Lá". Banda PERFEITA SIMETRIA. Composição própria.
4. "No táxi que me trouxe até aqui, Jon Bon Jovi me dava razão..."

quinta-feira, 29 de julho de 2010

Saudades

Passo por cada pedacinho que pisaste aqui de casa,
Tento me explodir em meu silêncio às mãos cortadas.
Tento fumar novamente cada um dos teus cigarros,
Tento deglutir, distante, o cheiro e o sabor do teu espaço.

"In toto", não é nuvem essa vida de menino.
Ao menos é refúgio a "solidão de estar sozinho".
Eu me lembro das conversas,
Dos carinhos.
No demais,
Eu me lembro das guerrilhas,
E das brigas,
Tudo o mais...

Mas se eu pudesse escolher voltar atrás,
Eu o faria...
E faria tudo isso novamente.
Como filmes que já vimos;
Como bons comerciais.

De pouco adiantaria ter o Sol como sustento
Se há as noites, os inventos que precisam do luar

Refaço teus caminhos
E me apego àqueles passos
Até aqueles que tu deste sem querer;
Até aqueles que tu deste sem saber,
Se é que se pode saber aonde ir quando se ama...
Se é que se pode ver surgir quando se ganha...

(Testes de caneta...)

Os desenhos, as roupinhas,
Os brinquedos da filhinha...
Ao final de nossas férias, tudo volta ao seu lugar.
As lembranças sempre ficam pra mostrar que quem espera
Acha vida em sua morte e acha meios de sonhar.

(Desenhos a caneta...)

A esperança sempre nasce pra mostrar que há o dia
Que sucede essa noite em que eu me deito sem te olhar.

Dormir em casa se tornou mais apertado — mais real.
Deixei a brisa da manhã se afagar às vestimentas,
Enquanto via toda a vida do garoto surreal,
Que o vento de algum dia carregou a quem te alenta.

Passo por cada pedacinho que pisaste aqui de casa,
Tento me explodir em meu silêncio às mãos cortadas.
Tento fumar novamente cada um dos teus cigarros,
Tento deglutir, distante, o cheiro e o sabor do teu espaço.

Saudades dos meus sonhos a caneta...

(À zero hora do abismo do escuro,
De alguém que descreveu como se vive ao fim do mundo.)

Madrugada

Ao silêncio cortante da madrugada,
Busco tua vida e tua mente em meu sonhar.
Sonho acordado pelas ruas das palavras;
Não me esquivo de tuas dores e não tento atravessar
Ao outro lado dessa rua desprovida de seus lados
Chamada vida de criança, de adulto apaixonado.

Posso te chamar em meio à noite?
Posso te buscar em meu viver?
Mas, no final das contas, qual (é) o bem que crio hoje,
Sendo vértice imóvel, sendo inútil, sendo rei?
Quadrados sem quadrantes que nos vendem não-ter-lados,
Comandantes operantes da destreza dos esquadros.

"Não se renda
Às evidências
Não se prenda
À primeira impressão
(À primeira impressão...)

"Eles dizem com ternura
Que o que vale é a intenção
E te dão cheque sem fundo
No fundo do coração
(No fundo do coração...)".¹

Deixa que eu me prenda às minhas rosas com esmero.
Deixa que eu componha ao teu luar das águas gris...

Criei meu Universo,
(Muito bem,
Muit'obrigado)
Criei meu manifesto
(Sê teu dom
Sê mais feliz).

Do lirismo que retiro da sujeira, colho fruto
Da carcaça que eu extraio da poeira, faço mundos.
Não sou um dólar em moeda: uma cara com dois lados;
Tenho múltiplas facetas de meus míseros centavos.

E, deles, sobrevivo pra sobreviver.
Deles, me convoco a te querer
Ao Sol da busca estarrecida pelo ar,
Ao som das placas que compõem meu radar.

Que saudade daquela madrugada
Em que eu te chamava e era golpeado
Por teu sono, por teus traços,
Por teus vícios, por cigarros...

Senti que era de ti que precisava
Para que eu fosse de fato salvo
Por teu sono, por teus braços,
Por teus vícios, por teus lados...

Teus elos e teus eles (me acordam do desmaio)
Me trouxeram minha vida, minha sorte, meu perdão
Teus elos e teus eles que sustentam meu ensaio
Te trouxeram tuas rimas, tua vida, tua sorte ou razão.

De quê isso me importa bem agora que te quero?
De quê isso me importa bem agora que eu não sei?
Não sei o que é viver — ao mar da dor estou imerso.
Mas eu sei que, pra te ter, eu só preciso aprender.

Deixa que eu aprendo tudo aquilo que não quero.
Deixa que eu me rendo a todo amor que sempre quis...

Seja noite, seja dia à foz de minha madrugada,
Seja forte ou abstrata a superfície das escadas,
Levanto-me por incentivo, por clemência do amor,
Que, por ontem, me trouxera de presente meu calor:
Eis a rima da pureza da quimera ou da fada —
És a vida que se abre, minha doce namorada...

(Eu te amo...)

NOTAS:
1. Música "A violência travestida faz seu Trottoir". Banda "Engenheiros do Hawaii". Compositor: Humberto Gessinger;
2. Parabéns e (sobretudo) meu muitíssimo obrigado, Larissa, pelos dois meses "oficiais" ao lado deste garoto que não te deixa respirar...

Estratosfera

Sinto a maresia
Suavizando as minhas narinas.
Ela me ensina que eu sou ser humano
E ela me rende sob todos os seus planos.

E é à casa da saudade
Que esses planos vêm chamar.
E é à casa da saudade
Que eles acham um bom lugar pra morar.

As cobras que passam por aquela montanha
São só passageiras, não são tão sacanas —
Seus ninhos se fazem na cabeça do homem
Que troca uma rosa por um frasco de perfume.

Parece que o mar é só daquela pessoa
Que coloca areia no tempero da tua sopa;
Parece que a Terra é só daquele astronauta
Longe da estratosfera, que não sente a sua falta.


Vários mundos formam um autêntico Universo...
E várias realidades formam uma autêntica verdade...

Hipocentro Revanchista

[Uma stória sobre a stória e o terremoto do Haiti...]

A saudade nos aborda
Pela sua tradição
A vontade nos isola
À mais seca obsessão

E eu senti, fiquei marcado
Pela póstuma questão.

O progresso é exigente
Traz conforto e depressão
Pelo medo do presente
Damos o futuro em vão

Sem nenhum coringa em mãos
Restou a última opção

Cada brasa flutuante
Aproxima o céu do chão
No lar do diamante
Há discórdia e opressão

E sempre nos perguntamos
Sobre os versos da canção:
Se são híbridos ou céticos,
De amor, opinião?

Em meio às chuvas e ao eclipse
Eu não culpo a ciência
Pela criação das cobras, pelo basilisco

E eu não vejo onde a China errava
Ao pensar que o Sol ficava
Por entre as presas do grande dragão.

Humanismo não é teoria,
Pergaminho, quadro
Natureza não é esboço
Torto, desleixado

Para moldarmos de jeito, a gosto,
O contraste e a razão
Para bradarmos pela violência,
As nossas vítimas ao chão

Uma leoa, do jeito que mata,
Também carrega sua cria
Um lobo, de inocente,
Não lidera às avenidas

Cem homens até conseguem
Erguer um acampamento,
Mas haja uma mulher
Para que qualquer lugar possa ser um lar

Por vezes o gato é rato
E o rato é gato.
Sentimos displicência
Dos vírus que têm mandato

E é preciso revanchismo
Do hipocentro das razões
E é preciso que um verme
Se coloque às prontidões

Uma leoa, do jeito que mata,
Também carrega sua cria
Um lobo, de inocente,
Não lidera às avenidas

Cem homens até conseguem,
Erguer um acampamento
Mas haja uma mulher
Para que qualquer lugar possa ser um lar

E é preciso revanchismo
Do hipocentro das razões
E é preciso que um verme
Se coloque às prontidões

Ontem à noite eu plantei uma árvore
Bem no meio do trilho do trem
Que corre pelas minhas veias, que chega à minha cabeça

Ontem à noite eu previ o passado
Me joguei no caminho do automóvel
E infelizmente alguém buzinou

Ontem à noite eu cortei os meus pulsos
Procurei pelos Alcoólicos Anônimos
Não acredito que o Sol não possa ver um novo alguém nascer

Ontem à noite eu plantei uma árvore
Bem no meio do trilho do trem
Que corre pelas minhas veias, que chega à minha cabeça

Ontem à noite eu previ o passado
Me joguei no caminho do automóvel
E infelizmente alguém buzinou

Ontem à noite eu cortei os meus pulsos
Procurei pelos Alcoólicos Anônimos
Não acredito que o Sol não possa ver um novo alguém nascer

Ontem à noite eu cortei os meus pulsos
Procurei pelos Alcoólicos Anônimos
Não acredito que o Sol não possa ver um novo alguém nascer

Interromperam a missão e o contato
Interromperam a conexão
Interromperam o diálogo em pleno "Je ma pelle"

Tudo que é teu

Visto tuas roupas
Deito em tua cama
Faço de teus dedos meus anéis.

Uso tua escova
Visto teu pijama
faço de meus dedos teus anéis.

Deito num lugar que já foi teu
Simplesmente pra matar toda a saudade
Visto tudo aquilo que foi meu
Pra que eu sinta o teu cheiro da verdade.

Só me lembro do sorriso
Da esperança que te dei
Quando olhei teu rosto erguido,
E toda o amor que agora sei.

Aprendi a roer as unhas
Assim elas não podem me roer
Aprendi a colocar-me em teu lugar
Assim ele não para de girar
Em torno do meu eu
Em torno do meu Sol
Em torno do teu eu
Perdido em teu anzol.

Eu choro sem teus beijos
E desenho para te ver
As luzes que incendeiam as vitrolas da cidade
E as flores que norteiam candeeiros da vaidade...

O silêncio me tortura enquanto eu venço a solidão
E eu perco a resistência às loucuras da paixão.
Assim eu nunca paro de girar
Em torno do meu eu
Em torno do meu Sol
Em torno do teu eu
Perdido em teu anzol.

Agora eu choro e me atento a tudo aquilo que for teu
Até mesmo teu sorriso eu guardo no meu coração.
Há pouco encontrei em tua blusa um fio do teu cabelo negro
Faço deste dom meu deus e minha mágica emoção.

Eu choro sem teus beijos
E desenho para te ver...

segunda-feira, 19 de julho de 2010

Panta rei

"Não podemos nos banhar duas vezes no mesmo rio porque as águas se renovam a cada instante".
Heráclito de Éfeso (540 a.C. ~ 470 a.C.)


(Meu amor,)

Tudo é transitório — as pessoas sabem disso.
Eterno e ilusório são um lado dos nossos sentidos.
Perene é o que sentimos entrementes
Porque é, da mesma forma, permanente...

Já dizia, certa vez, um certo Goethe imortal,
Que é imprescindível transformar o transitório em duradouro.
Nossa condição de vida, por ser efêmera, é completa e letal
E se mostra infalível: um mar ao cós do ancoradouro.

A condição da vida de cada um de nós,
Habitantes do glóbulo azul que é o planeta
É mais que uma caçada de albatroz
É mais que uma simples camiseta
Que colocamos e tiramos sem parar.
Não medita só pra ver em quê que dá...

Nossas fases sempre passam e ainda sempre existirão
Porque é o que queremos; porque é nossa paixão.
Lutamos por isso.
(Lutamos sem feitiços...)
Temos ideais
Temos metas
Temos sonhos
Vivemos nossos sonhos.

"Queremos ver nossos sonhos
Se tornarem realidade.
Pra tudo nessa vida
O que falta é coragem..."¹

Para nós — esse tal casal apaixonado —,
Não falta coragem. E nos sobra um bom agrado...
Coragem...
"Pra perceber
O quanto eu quero te ver..."²

Uma vez que não me vês,
Peço que sintas meu viver,
Pois eu me alojo dentro do teu grande coração
E me arrasto ao teu encontro ao Sol do nosso lampião...

Façamos fortes um ao outro.
Protejamos tenazmente um ao outro.
Transformemos nosso amor num simples voo de besouro...


"Todas as coisas são uma troca do fogo, e o fogo, uma troca de todas as coisas, assim como o ouro é uma troca de todas as mercadorias e todas as mercadorias são uma troca do ouro".
Heráclito de Éfeso

NOTAS:
1 e 2. Música "Essa vontade de te ver". Banda "Perfeita Simetria". Compositor: Adilson Gallione.

Caminho decíduo

(Ainda...)

Se eu fosse procurado vivo ou morto
Haveria boas razões para que os outros me amassem.
Mas, se os ventos se voltassem por meu corpo,
Talvez as pontes do destino me segurariam
E toda a dor da solidão eu finalmente aprenderia.

O som do teu silêncio ainda vela por minha vida
(Eu me alegro porque sei que estive aí...)
O amor dos teus abraços vem, me contagia
Se é que ainda posso me esconder entre os teus lábios,
Se é que ainda posso me valer dos teus cuidados.

E uma noite se transforma numa vida...
E um momento se comporta
Como se fosse eternidade...
Nos absurdos que é o meu dia
Submerso no escuro;
Ao veredicto que é a fila
Esvaída em teu segundo.

Segundo que eu dedico a tuas risadas.
Minuto recheado por sessenta gargalhadas
Nos quais as mágoas que eu guardo
Sempre deixam de nascer;
Nos quais as dores que eu sinto
Se esquecem de me ver.

Sofrimentos e prisões contaminam a realidade
E são por essa voz, dessarte,
Contagiados, corroídos.
Armamentos, corações me apresentam liberdades
Entrelaçam-se em parte
Pelas ruas do caminho...

(Se houvesse mais caminhos...)

Tal caminho não pertence mais a mim.

O caminho que eu tomo a ir embora
Tem por meta me levar ao lar feliz,
Mas eu choro, me revolto feito espora
Pois o lar que julgo meu é junto a ti.

Não entendo por que o mundo nos separa
Não entendo por que o rumo nos maltrata.
Sei o quanto fazes falta em meus momentos...
Sei o quanto fazes falta aos meus receios...
Mas eu sei, por outro lado,
Que ainda vamos nos fundir eternamente.

Ainda sei, por mais que não pareça:
Nossa força fluirá perfeitamente
Pelas curvas do futuro mais que certo,
Pelas curvas do horizonte semi-aberto.

Hey, amor!
Que dês o teu sorriso que adoro.
Que dês o meu abrigo — eu imploro...

(Olha o horizonte!
Olha a aurora boreal!)

Hey, amor!
Eu te amo mais que tudo o que existe
E te espero mais que a tudo o que me assiste.
Pois sou teu e tu és minha
Sabe: o meu coração eu dou
Sabe: comigo jamais estás sozinha.

quinta-feira, 15 de julho de 2010

Fusão

[Hoje, se completam dois meses desde a fusão entre "Misunderstood" e "Piano Bar"...]

I.

Estação Barra Funda do metrô.
O frio que se tornava meu calor...
A noite relevante às escadas
Retirava do meu peito toda a mágoa.

Não consigo mais me lembrar de como eu era
Sem a deusa que me trouxe o amor, a primavera
Em plena noite de outono, bela flor à atmosfera
Que remonta, em paz, meus sonhos e me traz a "Nova Era".

Agora que te amo,
Um novo dia brilha, em voz, lá fora
Agora que te quero,
Um novo bem-querer permuta a minha história
Agora que eu sei,
Um novo recomeço que termina vem me ver
Longe de todo o mal,
Forte em meio ao caos...

O que faço, meu amor,
Para te ver — em si — sorrir?
O que faço, meu amor,
Para viver assim, por ti?

Eu só quero que tu saibas
Toda a mítica pensada,
Relembrada por teus versos,
Por teu ego, minh' amada.

II.

E dois meses de loucura me moldaram racional
Com dois vícios de leitura — mesozóica, surreal —
Que ao toque dos teus lábios me apresenta o uniforme
Ideal para se vestir ao Sol da noite dos acordes.

Agora que te amo,
A nova vida eu vi nascer
Agora que te quero,
A foz da rima pude ter
Agora que eu sei,
Um novo recomeço que começa vem me ver
Pois, em ciclo, o Sol e a Lua
Fazem letras, formam turmas...

Eu te amo...
Eu te quero...
Agora eu sei...
Que te amo...
Que te quero...
Agora eu sei...

(Que te amo...
Que te quero...
Agora eu sei...)

quarta-feira, 14 de julho de 2010

O frio

Abriram-se os mares da paixão e do amor.
Cederam-nos as portas, as passagens, o calor.
Fundiram-se as flores à verdade, ao sabor.
Romperam-se as trevas da ruindade, do temor.

E tudo estava claro quando ouvi o teu sussurro
Sob a plácida ternura solfejada em meu ouvido.
Por mais que os nossos dias se rendessem ao escuro,
Tu me acostumaste ao teu encanto, ao teu carinho.

Agora repousado, enjoado de meus aposentos,
Preciso da renovação que sugeria um advento
E como sinto falta da tua boca em minha noite
Como sinto dores nos meus dias de açoite.

Ah! Eu sou marcado pelas dores do luar...
Ah! Sou massacrado pelas conchas do teu mar
Que não me deixam lutar contra o frio da tua ausência
Contra a chuva, a independência de uma certa dependência...

Ah, minha donzela! Minha clássica donzela,
Martelaram meu coração contra a corrente dos mistérios,
Reduziram meu perdão às minhas súplicas sinceras
E coroaram meu refrão ao som dos cânticos imersos.

Tchau

Como o "tchau" pode doer...
E começa a se fazer de um jeito tão sem fim...
Mesmo que a distância saia ou entre em meu jardim,
Há ciladas e sentidos que me fazem corroer
(A mim mesmo)

Sofro porque a vida sempre arma contra mim.
Borra desmedida que me deixa sem sorrir
Pela sórdida, funesta, incontida, brevidade
Que ainda faz ser sonho toda forma de verdade.

Mas por ora — por amor — faço tudo o que me vem.
Você sabe: eu tiro força bem de onde não se tem.
Que o amor que hoje eu juro crie força e tenha eco;
Que as luzes do escuro se apaguem nos meus versos.

Um dia,
Não precisarei subir naquele bonde;
Não precisarei montar em meu cavalo;
Não precisarei cruzar aquela ponte...

Pois cá fico sozinho, contemplando o horizonte
Recolhendo, em são perigo, as purezas da tua fonte
Que me mostram as verdades, as riquezas da cidade;
Que me levam às idades dos cometas, das vaidades...

terça-feira, 13 de julho de 2010

...

Por que é que meu coração ainda bate e respira
Se o tempo queimou todas as cartas que enviei à minha vida
Nas solitárias tentativas de desbravar os mares e as tormentas
Recriados pela dor que o inverno mata e esquenta?

E pelo quê ele anseia nesta noite dominada pelo gelo?
Nada que eu faça poderia salvá-lo, nem mesmo nomeá-lo aliado.
Mas é a imagem da donzela que se forma nas tímidas ondas de um lago
Também tímido, que se vai e mostra que nela vejo meu espelho.

Oh, dama! Esteja comigo na vida e na morte
Proteja-me dos pesadelos e me ensine que sou forte
E me diga que eu preciso viver pra te proteger
Que eu te digo que é por ti que quero morrer.

Ao toque dos teus lábios, o Universo não existe mais pra mim
Ele para e corteja o teu olhar e o teu sorriso
Ele chora e se alegra por amor ao meu destino
Ele mostra que é buscando ir a ti que eu chego até mim.

sábado, 10 de julho de 2010

Equilíbrio desequilibrado

Como é simples e preciso o sabor da natureza.
Como é rico e infinito todo o brilho das estrelas.
As viagens, as paisagens, todo o mundo é tão menino
E o Universo, como um pai, se mostra honesto, irredutível.

Surfista, farofeiro, surreal, medieval,
À deriva, à espreita, do vigor sentimental.
O Universo vai, se ergue, pelas vigas do destino
E se porta sempre alegre, sonegando o empecilho.

Adoro ver as plantas almoçarem, se banharem,
A Lua cuneiforme, aos galopes, aos olhares
Dos casais de namorados que se beijam nas calçadas
E planejam suas vidas nos altares, nas estradas.

O que dizer dos reis vizinhos, que não moram no azul?
Quê dizer de quem não sabe como é quente o Pólo Sul?
Das naves ou dos aliens que mantêm o seu mistério?
Ou da sina do Egito evadindo o intelecto?

Equilíbrio desequilibrado que nos faz nadar, voar
Em cuidados insensatos que nos fazem ver, sonhar...
Pergaminhos infinitos da certeza do incerto.
Raridade decisiva: eis o nosso Universo.

A "i" ou a "e"?

Nunca produzi tanto
Assim como eu amei.
As mágoas e os espantos
Me levaram a torcer.

Torci pelo amor.
Torci pela fada madrinha.
Torci pelo teu beijo.
Torci pra ter torcida.

Hoje — grito —, eu tenho o mundo.
Eu vivo e sonho em pleno escuro,
Mas eu te espero e durmo esperto,
Pois, em meu peito, eu te carrego.

Não faço mais perguntas
Porque o mundo é uma dúcida
Entre o certo e o correto.
Entre físico e concreto.

Não importa o que eu escrevo,
Se é com "i" ou se é com "e";
Não me importo com receios
Que me levam a você.

Torci pela paixão.
Torci pela saudade.
Torci pelo teu beijo.
Torci pra ser cidade.

Oras, meu docinho,
Eu sou uma cidade:
Eu tenho meus caminhos,
Eu tenho a minha imagem.

Tenho riscas e passados
E, de alguns, eu faço quadros.
Tenho letras e esquemas
E trincheiras e poemas.

Do meu nada, sou miragem.
Sou feliz e tenho tudo,
Pois eu velo pela arte
E sou a "luz do céu profundo".

A-E-I-O-U
Frio do gelo e mar azul
A-I-U-O-E
Posso perder, mas nunca morrer
A-O-U-E-I
Abro meus olhos pra te ver sorrir
A-I-U-E-O
Respiro por ti e sinto o amor
O-I-U-E-A
Sonho contigo e contigo eu quero — pra todo o sempre — acordar.

"Anyway" é o que quero
"Anyway" é o que sei
Torço e crio com esmero.
Escrevo e faço o que serei.

Ritmo

[Uma singela demonstração de gratidão
Ao meu grande amigo,
Anderson Yoshikawa]

O meu ritmo não para
Ele invade as minhas veias
Minhas tristezas e minhas maneiras
E minha vida se torna inteira

A saudade e o sorriso;
A vontade de lutar:
Valores fortes, infinitos
Para sempre relembrados por meu grande amigo.

Ó, querido amigo,
Me deixa fazer parte do teu ritmo.
Me ajuda a destruir o meu destino
Que meu solo hoje é feito por labor.
Minha mente é movida por amor.

Sim. Amor e puro amor.
Amor por mim, pelas pessoas.
Amor por nós, pelas escolhas,
Pela chance de ter uma missão a cumprir,
Pela honra de ter um Mestre a quem seguir.

Hoje, face a face com um desfiladeiro,
A morte não me quis e ao meu desejo deu um fim
Porque, quando se conhece um sonho verdadeiro,
O cumprimento da missão é só o que me faz feliz.

O que seria o ritmo se não o controverso,
Amor à própria vida; amor ao Universo,
Às fadas, aos dragões, ao sentimento desconexo,
Às flores, ilusões, ao Sol da música que quero?

A ti, meu nobre amigo,
Se vai a força da lembrança.
A ti, meu nobre amigo,
Se vão as "Flores da Esperança"

E assim se faz a minha vida...
Teus abraços apertados sempre vêm na hora certa

Teus abraços apertados sempre vêm me aquecer
E aos teus gritos por "coragem" vou buscar corresponder.
Continua me fazendo alvorecer, viver, sorrir
E, eu juro que protejo, que planejo e chego a ti.

A minha missão eu finalmente reconheço —
É tão forte e eficaz que nem sei se eu mereço,
Mas, "seja como for", já estou pronto e sou ousado
E o sentido de uma vida aparece em meus braços
Para que eu abrace o mundo...
Para que eu saiba e ame tudo...

Merecendo ou não, eu quer ter essa missão,
Pois eu mesmo a escolhi, pois eu mesmo a senti.
De adereços ou refúgios, não me apego e sou honesto
De paixões, desilusões, hoje sei por que eu erro.

Missão de ver surgir.
Missão de ir e vir.
De levar nossos ensinos...
De não achar que é destino.
Missão ainda, de ser salvo, de salvar
E, de quebra — meu amigo —, de ter cores, de sonhar

Obrigado, honrado amigo,
Por contar sempre comigo.
Meu pai, meu irmão, meu amigo, meu vizinho.
Eu te dou, de coração, esses meus versos de menino.

Essa é a missão:
À qual meu coração se entrega.
Missão e ritmo do coração:
O que será que nos espera?

quinta-feira, 1 de julho de 2010

O fim pode ter fim

O fim geralmente não tem fim
Apega-se ao "não"; reveza-se no "sim"
Pelos horizontes, pelos versos, pelos montes de uma vida,
Pelas horas de conversa, pelas chuvas, pelas brigas.

O fim geralmente não tem fim
Aprisiona as pessoas ao desejo
Nos conduz à dor, ao ódio, ao sofrimento
E transforma o Universo em vilarejo.

Por que é que os atalhos poderiam ter comigo
Se as cartas do amor já me servem de abrigo?
As palavras e erratas me acompanham numa estrada
Remoída, recortada, pela cor da encruzilhada.

Sim, minha querida... Nosso amor é diferente
Porque somos diferentes,
Porque somos tão iguais.
Porque somos das estrelas,
Porque somos geniais...

O fim que ontem veio
Foi sensato e teve fim.
Não ousou ter um começo,
Ao menos meios ou confins.

Quais são as cores que eu uso para pintar?
Quais são as marcas que eu quero deixar?
Qual é a história que eu quero criar?
Que arrependimento poderia me matar?

Garota, garotinha,
Deixe as lágrimas rolarem,
Deixe as cores se iludirem
E que pensem e que falem.
Nosso amor vem, nos protege
Contra a dor que nos persegue.

Nove autorias

Completo, no meu caderno,
Minhas nove autorias.
Em poucos dias, em segredo,
Eu fiz a noite virar dia.

Por ti, eu canto, eu escrevo
Sinto, anseio, sinto energia.
Eu sinto a mágica do amor
Que me leva à rebeldia.

Rebeldia que me faz fugir de casa em pleno inverno.
Minha casa era uma concha. Hoje é o mundo; o céu aberto.

Hey, minha donzela...
Você se ofende quando eu digo que é paixão?
Hey, minha quimera...
Você se espanta quando eu rasgo meu peito?
Ou se diverte quando eu fico sem jeito?
Ou se emociona quando eu te dou meu coração?

Rebeldia que me faz fugir de casa em pleno inverno.
Minha casa era uma concha. Hoje é o mundo; o céu aberto.

Hey, minha donzela...
Você se ofende quando eu digo que é paixão?
Hey, minha quimera...
Você se espanta quando eu rasgo meu peito?
Ou se diverte quando eu fico sem jeito?
Ou se emociona quando eu te dou meu coração?

Hey, minha donzela...
Você se ofende quando eu digo que é paixão?
Hey, minha quimera...
Você se engana ou se convence quando vê minha razão?
Seja sincera, fique tranquila, pois eu estou em suas mãos.

Por sua causa, seus incentivos...
É que eu me exponho às nove autorias.

Sua causa, seus incentivos...
Eu me arrisco às nove autorias...
Sua causa, seus incentivos...
Eu me exponho às nove autorias...

Porque eu te amo acima de tudo,
É que eu me exponho às nove autorias...

Ah... Como o mundo seria bom...

Ah, como o mundo seria bom
Sem as brigas, as intrigas,
Sem pavor, contradição...
Sem fronteiras nem barreiras.
Sem a dor das nuvens negras...

Ah, minha querida...
Como o mundo seria bom
Sem as lágrimas, discórdias,
Sem a morte, a depressão.

A Vitória pode sim estar em dúvida,
Mas ela não é, em si, a dúvida
E também não é a única
Que tem amor no coração.

Eu queria alimentar um pato num parquinho,
Fazer de nossa dor redemoinhos.
Olhar pra eles, saltitar, cantar, sorrir
Por não sofrer na solidão e perceber que sou feliz.

Queria botar uma carta no correio
Não duvidar, ter mais sossego
E, do amor, ser um eterno passageiro.

Mas acontece que eu sou tal passageiro da tua estante
Bilhetinhos que te mando por "Correio Elegante"
E me trazem coisas belas, mais concretas que diamante,
São razões das mais sinceras,
São dragões d' estórias certas.

Quanto ao nosso mundo...
Ah, minha querida...
Que ruim ele seria
Sem terror pra nos mostrar o que é coragem,
Sem nossa prisão pra nos mostrar a liberdade,
Sem vontades que nos trazem os desejos,
Sem feiúria que nos faz olhar pr'o espelho
(E assim a gente pode se arrumar...)

Ah, minha querida...
Como o mundo seria pútrido, indecente
Sem a dor da perda pra nos dar boas lembranças,
Sem o desespero pra nos dar a esperança,
Sem nossa tragédia que ensina a ter cautela,
Sem que eu seja desprezado e aprenda a surpreender,
Sem que eu sinta a saudade que me faz querer te ver.

E, se ainda assim,
Eu me sentir tão descontente,
Vem, amor, me dá um beijo
E me faz ser tão valente.

Laços

[homenagem ao meu irmão, Marcos
Por ocasião de seu aniversário em 22 de junho]

É, meu amigo...
Quando a vida nos der "oi" por cortesia,
Poderemos romper com o mar e a maresia,
A gente vai ver a tristeza, a alegria
Confluindo e revirando como peças dessa vida.

É, meu amigo...
O que farei quando o mundo quiser dar um tapa em minha cara
E eu disser que a coisa toda 'tá errada?
Sem que haja nem comida nem tostão?
E quando meu despejo for pr'a porta do furgão?

Quando alguém ousar me derrotar
E matar a minha vida simplesmente com o olhar
Por ti eu chamarei pelo sonar,
Telepático, empático sonhar.

Admiro tua sede por triunfo.
Aprendo com teu jeito de ver o dom, o mundo
Ao som das notas do violino como trunfo.

Com tua dança de honestidade,
Conquista o mundo, cria uma cidade.
Vive pela breve eternidade
Criada por ti, por teu olhar...

Os laços entre irmãos serão eternos,
E jogamos sempre assim de ser adultos e eternos.
Seja em tua Inglaterra ou no breu do teu castelo
Aprendo com tua luz a ser humano, a ser sincero.

Ler o futuro supera as marcas do passado
Que eu marco velejando,
Que eu vejo do meu Barco...

Sei que ler o futuro supera as marcas do passado
Que eu vejo velejando
Que eu marco do meu Barco...

Vitória

[homenagem à Vitória,
princesinha que entrou em minha vida de modo sem igual]

Nossos sonhos nos fazem correr
E a nós, mortais comuns, cabe apenas escolher
Se corremos desses sonhos por deficiência,
Se vibramos como solos em frequência.

Meu amor teve a escolha de sua vida:
Decidir entre a Derrota e a Vitória tão querida;
E, pelo bem que reverbera pelo bem da humanidade,
Gravou seus ares de Vitória no azul da eternidade.

O mundo e a Vitória —
Japoneses, canadenses —
São antenas da história;
São Vikings e parisienses.

Ó, princesa do meu coração...
Me deixa fazer parte da tua trajetória
E, juntos, destruiremos tudo o que é só memória.

Ao lado dos teus pais,
Brinca pensa no futuro.
E ao lado dos demais,
Sê a luz no fim do túnel.

Estás aqui e acolá.
Estás em tudo o que é lugar.
Sonha além do despertar;
Ri, desenha Lá e Cá.

Pr'os reis, uma pequena Vitória
Para mim, um divisor de águas
Da história...
Da Vitória...

Por que(,) poeta?

Por que a dor e não o amor?
Por que não frio e sim calor?
Cortemos as escolhas que nos deixam sem escolhas
Façamos das palavras nosso grito que ecoa
(Pelo amor...)

A dor é o verme comunista, marxista
Que nasce do amor capitalista.
Teu frio e teu calor são vermelhos e se unem.
Teus olhos são meu jeito — são duas facas de dois gumes.

Mas por que dar nome aos bois?
Por que fazemos contas pra saber o que são dois?
Por que não somos cegos e vivemos de mistério?
Por que fazer rascunhos do que vem a ser o ego?

De matuto e tosco eu quero ter um pouco
Pra sentir que o teu beijo é algo rico e tão gostoso.

Não chamem o poeta de poeta.
Ele é simples como a nuvem,
Que dá chuva e não tem cor.
Teu rosto sempre vem na hora certa.
E me faz prever meus sonhos
E me faz querer o amor...

Soube ontem que o futuro nos aguarda
Seja como for, empunharei a minha espada
Eu lutarei da melhor forma possível
(E por que não da melhor forma impossível?)

Não chamem o poeta de poeta.
Ele é simples como a nuvem,
Que dá chuva e não tem cor.
Teu rosto sempre vem na hora certa.
E me faz prever meus sonhos
E me faz querer o amor...

Eu avanço e meço o espaço
Com os olhos infinitos
Eu caminho ao teu sorriso
Tenho teu nome gravado em minha mão...

Não chamem o poeta de poeta.
Ele é simples como a nuvem,
Que dá chuva e não tem cor.
Teu rosto sempre vem na hora certa.
E me faz prever meus sonhos
E me faz querer o amor...

Batalha

Escrevo do metrô, d'uma charrete, de um boi
Escrevo da esperança, da inocência(,) das palavras.
Do lombo do cavalo, eu percorro à luz de espadas
Que, o destino, por si só, empunharia bem depois.

Mas amor é felicidade
É — mais que tudo — mais que fraternidade.
Ao encontro do amor, todo o dia, eu me lanço —
Talvez a única batalha da qual eu não me canso.

Batalha.
Porque esboça meus destinos e barreiras.
Batalha.
Porque mostra que eu venço à(s) minha(s) maneira(s).
Seja ela no escuro, no aquário, no jardim,
A mim eu venço a cada dia e, por isso, sou feliz.

Vê, Larissa, o "L" de ligação que me liga a ti.
Vê, princesa, o colorido da glória do amanhecer
Que se infiltra em minha mente e me faz sorrir,
Que me faz perder palavras e me faz querer viver.

Ao teu lado, aprendo a te querer.
Longe de ti, aprendo a te querer.
Em me deitar e abrir os olhos, qual o mal que pode haver?
És minha honra — meu afeto —, na qual me sinto reviver.