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"O gênio e a natureza fizeram uma aliança eterna: o que o primeiro promete, a segunda certamente realiza".
(Friedrich von Schiller)

quinta-feira, 29 de julho de 2010

Madrugada

Ao silêncio cortante da madrugada,
Busco tua vida e tua mente em meu sonhar.
Sonho acordado pelas ruas das palavras;
Não me esquivo de tuas dores e não tento atravessar
Ao outro lado dessa rua desprovida de seus lados
Chamada vida de criança, de adulto apaixonado.

Posso te chamar em meio à noite?
Posso te buscar em meu viver?
Mas, no final das contas, qual (é) o bem que crio hoje,
Sendo vértice imóvel, sendo inútil, sendo rei?
Quadrados sem quadrantes que nos vendem não-ter-lados,
Comandantes operantes da destreza dos esquadros.

"Não se renda
Às evidências
Não se prenda
À primeira impressão
(À primeira impressão...)

"Eles dizem com ternura
Que o que vale é a intenção
E te dão cheque sem fundo
No fundo do coração
(No fundo do coração...)".¹

Deixa que eu me prenda às minhas rosas com esmero.
Deixa que eu componha ao teu luar das águas gris...

Criei meu Universo,
(Muito bem,
Muit'obrigado)
Criei meu manifesto
(Sê teu dom
Sê mais feliz).

Do lirismo que retiro da sujeira, colho fruto
Da carcaça que eu extraio da poeira, faço mundos.
Não sou um dólar em moeda: uma cara com dois lados;
Tenho múltiplas facetas de meus míseros centavos.

E, deles, sobrevivo pra sobreviver.
Deles, me convoco a te querer
Ao Sol da busca estarrecida pelo ar,
Ao som das placas que compõem meu radar.

Que saudade daquela madrugada
Em que eu te chamava e era golpeado
Por teu sono, por teus traços,
Por teus vícios, por cigarros...

Senti que era de ti que precisava
Para que eu fosse de fato salvo
Por teu sono, por teus braços,
Por teus vícios, por teus lados...

Teus elos e teus eles (me acordam do desmaio)
Me trouxeram minha vida, minha sorte, meu perdão
Teus elos e teus eles que sustentam meu ensaio
Te trouxeram tuas rimas, tua vida, tua sorte ou razão.

De quê isso me importa bem agora que te quero?
De quê isso me importa bem agora que eu não sei?
Não sei o que é viver — ao mar da dor estou imerso.
Mas eu sei que, pra te ter, eu só preciso aprender.

Deixa que eu aprendo tudo aquilo que não quero.
Deixa que eu me rendo a todo amor que sempre quis...

Seja noite, seja dia à foz de minha madrugada,
Seja forte ou abstrata a superfície das escadas,
Levanto-me por incentivo, por clemência do amor,
Que, por ontem, me trouxera de presente meu calor:
Eis a rima da pureza da quimera ou da fada —
És a vida que se abre, minha doce namorada...

(Eu te amo...)

NOTAS:
1. Música "A violência travestida faz seu Trottoir". Banda "Engenheiros do Hawaii". Compositor: Humberto Gessinger;
2. Parabéns e (sobretudo) meu muitíssimo obrigado, Larissa, pelos dois meses "oficiais" ao lado deste garoto que não te deixa respirar...

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