Seja bem-vindo!

"O gênio e a natureza fizeram uma aliança eterna: o que o primeiro promete, a segunda certamente realiza".
(Friedrich von Schiller)

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

O Quinze

Nova postagem
Levantei hoje por volta das cinco e meia da manhã, me arrumei para ir ao trabalho. Vesti uma das camisetas de que masi gosto: uma marrom clara, com o Jimmy Page estampado à sua fronte. Jimmy Page... Guitarrista da maior banda de Rock da história — Led Zeppelin. Em minha camiseta, ele se posta imponente a segurar, de modo ímpar, sua Les Paul¹ que, perdida entre os dedos de seu parceiro, conflui com ele a que a mágica aconteça. Pérolas como "Achilles Last Stand", "Tea for One", "Nobody's Fault but Mine", "Dazed and Confused" — todas surgiram assim.
A influência de Page se estende a tanta gente... De Eddie Van Halen a Richie Sambora (guitarrista do Bon Jovi) e Slash (guitarrista do Guns n' Roses). E por que não eu? Ele é meu Guitar Hero favorito, ao lado de Stevie Ray Vaughan — o mago do Blues. Que bom que Page ainda está vivo!

Este quinze de setembro seria mais uma quarta-feira como outra qualquer, não fosse o fato de que ela me faz lembrar um sábado; um sábado em específico: aquele quinze-de-maio-de-dois-mil-e-dez, dia em que vi pela primeira vez a mulher com quem quero passar o resto de meus dias e de minhas vidas (nem só os gatos vivem sete vidas; o amor também o faz). Completam-se quatro meses desde aquele primeiro beijo... Desde aqueles primeiros carinhos, enquanto assitíamos aos eventos da Virada Cultural 2010...

Dormi numa calçada de uma "stória" sem igual...

E acordamos ao som da bateria do Krisiun — excelente banda gaúcha de Death Metal — enquanto esta aquecia seus motores para o show, durante o qual fomos informados da morte de Ronnie James Dio — dos maiores nomes da história do Rock. Mas nos recuperamos pelo amor que nos sondava; e fizemos com que a Lua se despedisse de nós e chamasse o seu amante — o Sol. Os dois nos invejavam tanto... Talvez ainda o façam, visto que nunca poderão se beijar, ao passo que fazemos isso o tempo todo, sem nos enjoarmos. Por tanto tempo nós fomos assim, Larissa... Salvo o fato de haver uma tela de computador entre nossas faces, em vez de um planeta. Hoje, talvez, um mundo inteiro sinta inveja da tela do computador, a querer nos separar. O Universo parecia conspirar contra o nosso amor — me tirou de nosso Estado. Mas nem isso me afastou de você. E ainda acham que o dinheiro o faria? E ainda acham que uma simples linha de metrô o faria? O tempo? A vida? Os compromissos talvez? E nós batemos isso tudo, assim como continuamos a fazer um pouco disto a cada dia. Como eu me orgulho por lutar a todo instante pra te ver...

"Queremos ver nossos sonhos
Se tornarem realidade
Pra tudo nessa vida
O que falta é coragem

Pra perceber
O quanto eu quero te ver..."*

E quase que outro Estado te retira de meu mundo... Rumo ao Sul, mar azul. E, sem saber, eu me tornava a "coisa muito importante" a bloquear o seu caminho. Querendo sem querer...

"Meu passado constrói meu presente
Nos teus olhos eu vejo a verdade
O que eu planto eu vou colhendo
Nas trincheiras da vaidade.

Hoje eu só sei
O quanto eu quero te ver..."*

Demos à luz os nossos sonhos. Agimos à luz de nossos sonhos, enquanto cada momento nos prepara pr'o futuro; enquanto essas luzes nos ajudam no escuro. Fico tranquilo por ter você a me guiar. Diz que não erra e só acerta, então se ponha a me chamar.

"Não apague as luzes,
Pois tenho medo do escuro.
Não me deixe aqui sozinho
Nesse abismo tão profundo...

E vem de novo
Essa vontade de te ver..."*

O medo e o frio inexistente me arrepiam. Preciso de você para ter vida. E mais: eu comecei a contar os dias há exatos quatro meses. Tenho a impressão de ter vivido vinte anos inúteis até então, pois nada tem sentido sem você. A vida era um cesto sem sentido.
Quantas pessoas já tentaram nos desanimar... Todos acham que é cedo. Alguns se rendem aos seus medos. Outros, às hipocrisias, tentam impedir que nós vivamos.

"Boas amizades
É o que me interessa
Vivemos num mundo
Que a falsidade impera.

Farsas e facas que cortam o meu coração
Uma lágrima minha seca antes que toque o chão..."*

A dor e o sofrimento; a vida e os momentos — coisas que decerto fomentaram o amor e a paixão. Vem a vontade de ficarmos juntos para sempre — felizes eternamente. Basta ver você chegar para que eu entre no meu mundo — tão quentinho e aprazível, tão fresquinho e especial... Eu vou às nuvens por sentir sua presença; entro em meu mundo navegando em seu olhar...

"E ela vem sorrindo, vem me abraçando
Meus problemas vão sumindo
Quando nós nos encontramos...

E ela vem sorrindo, vem me abraçando
Meus problemas vão sumindo
Quando nós nos encontramos...

(Quando nós nos encontramos...)
De novo..."*

Este quinze de setembro seria mais uma quarta-feira como outra qualquer, se eu não tivesse acordado ao som dos bandolins; se eu não tivesse hoje visto o seu rosto antes de qualquer outra coisa. Acordar e ver você é tão perfeito! Eu vou cuidar para que me tenha novamente a cada dia; para que o 8002 vire lembrança de uma vez por todas. Assim, pra que eu te veja, basta pisar o solo de minha casa, do qual surgiram vários solos de guitarra; no qual cultivo nossas "Flores da Esperança"².
Ao levantarmos, nos acompanhamos pelo ônibus e, também, pelo metrô. Sua benevolência não deixou nos separarmos nem pra dizer "tchau". E, mais uma vez, abandonara sua vida pra ficar comigo, nem que fosse só mais um pouquinho...
Num banco amarelo do ônibus que parte ao metrô Tucuruvi, nos lembramos da música "Ilex Paraguariensis", dos Engenheiros do Hawaii...

"Hoje eu acordei mais cedo
Tomei sozinho o chimarrão
Procurei a noite na memória... procurei em vão
Hoje eu acordei mais leve (nem li o jornal)
Tudo deve estar suspenso... nada deve pesar
Já vivi tanta coisa, tenho tantas a viver
Tô no meio da estrada e nenhuma derrota vai me vencer
Hoje eu acordei livre: não devo nada a ninguém
Não há nada que me prenda

Ainda era noite, esperei o dia amanhecer
Como quem aquece a água sem deixar ferver
Hoje eu acordei, agora eu sei viver no escuro
Até que a chama se acenda
Verde... quente... erva... ventre... dentro... entranhas
Mate amargo noite adentro estrada estranha

Nunca me deram mole, não (melhor assim)
Não sou a fim de pactuar (sai pra lá)
Se pensam que tenho as mãos vazias e frias (melhor assim)
Se pensam que as minhas mãos estão presas (surpresa)

Mãos e coração, livres e quentes: chimarrão e leveza
Mãos e coração, livres e quentes: chimarrão e leveza

... Ilex paraguariensis...
... Ilex paraguariensis..."

O chimarrão virou mingau de arroz com chocolate, pãozinho e café. E eu não com sozinho — tive a companhia do amor (e) do meu amor — o bor.
Divagamos sobre sonhos, "Somos quem podemos ser"... No metrô, fucamos juntos... Banco azul, mar azul, ao som do Blues. Tudo bem até o momento em que o vidro novamente fez questão de nos separar. E nossos sonhos pareceram ser só sonhos... Mas eu os farei realidades. Teçamos as teias do amor do nosso jeito tão errado sem deixar de ter razão. Teçamos as teias do amor à nossa verdade que, mesmo mentirosa, não deixa de ser realidade.

E o que o Jimmy Page em minha camiseta tem a ver com tudo isso?
O quinze-de-maio-de-dois-mil-e-dez poderá nos responder: foi com esta camiseta que te conheci, Lari. A calça que hoje trajo também esta comigo àquela noite. Em homenagem à você!
Falando nisso, que eu seja anacrônico: tocar "Piano Bar" para você pela manhã foi mais que tudo (faltou "Misunderstood").

O
quinze-de-maio-de-dois-mil-e-dez foi heróico, transcendental! Como eu queria retornar àqueles momentos mágicos vividos ao seu lado, em que nem mesmo o mar de gente incomodava. O melhor dia da minha vida! O que posso dizer? Tudo tão perfeito! Mas como você diz, ele já passou, mas ficará eternamente em nossos corações... À lembrança... Para sempre....

Exatas doze horas de hoje. Estou em meu trabalho... Chorando...
(Meio pão-de-cada-dia...)
É bom que o tempo passe, mas a cada dia o q
uinze-de-maio-de-dois-mil-e-dez ficará ainda mais para trás. E nunca mais nós o teremos, nunca mais o viveremos. Mas aqui no meu caderno valerá daqui pra frente... E ai de mim se essa caneta acabar. 'Tá no talo! 'Guentaí, caneta... Só mais um pouquinho...

Nosso quinze é mais sagrado e melhor que o da Rachel de Queiroz, com todo o respeito. Se todos pudessem saber da nossa stória... Talvez seja impossível, pois a nossa trajetória não tem explicação".

Agora eu abro mão de tudo o que for técnica... Às dez pr'a uma, as lágrimas me obrigam a escrever com o coração e não com a caneta (acaba, caneta!)...
Não consigo terminar... Aquele dia tão sagrado nunca sai de minha mente ("melhor assim"...) — o dia em que você se apaixonou por meus olhos infinitos. Fusão! Entre nós, entre certo e errado, verdadeiro Ying e Yang, entre "Misunderstood" e "Piano Bar". Contei pra tanta gente... Depois disso e até hoje. Até menti que namorava antes mesmo de te pedir; tudo só para fazer causa. Eu pediria a você dias depois.

Ao meu redor, todos falando de lembranças. Só eu 'tô escrevendo... Todos conversando. Só eu 'tô escrevendo... Mentira! Escrever por estas linhas é uma forma de conversar com você.

Voltei pelo texto, pra grifar a palavra "Fusão" e me veio à mente a imagem que tenho quando penso em nossa stória: duas partículas ou duas galáxias em altíssima velocidade surreal que se chocam com tudo. Em nosso beijo... Ali foi assim. É assim. Até hoje... Fusão! "Dois" da Tiê!
Sim! Aqui tem espaço! Em minha casa e, sobretudo, no meu coração. Não espaço vazio, nem de sobra... E sim um espaço de tamanho exato, sob medida pra você. Eu te esperei a vida toda, bor... É você!

"Pra você guardei o amor que nunca soube dar"...

Obrigado pelos meus quatro meses de vida!
De um recém-nascido...

"Não se renda às evidências
Não se prenda à primeira impressão
O que não foi impresso continua sendo escrito à mão"³.


NOTAS:
1. Guitarra Les Paul: modelo de guitarra lançado pela marca Gibson, eternizada pelos ícones Jimmy Page e Slash.
2. IKEDA, Daisaku. Flores da Esperança. Editora Brasil Seikyo. São Paulo. Agosto de 2009.
3. Música "Ilusão de Ótica". Banda "Engenheiros do Hawaii". Compositor: Humberto Gessinger.
*. Música "Essa vontade de te ver". Banda PERFEITA SIMETRIA (minha banda). Compositor: Adilson Gallione
4. E que Rachel de Queiroz perdoe a ousadia deste título.


"O Universo conspira em nosso favor,
A consequência do destino é o amor
Pra sempre
Vou te amar.

Mas talvez
Você não entenda
Essa coisa de fazer o mundo
Acreditar

Que meu amor
Não será passageiro
Te amarei de janeiro a janeiro
Até o mundo acabar..."

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Chancelas


O trabalho aos meus pensares, levanto-me pela manhã de uma segunda-feira,
O badalar dos sinos paulatinos de uma igreja, aos poucos, chega ao nosso lar
E me mostra que, por mais que eu relute, por mais que eu não queira,
Haverei de ter contigo em despedida, sem a luz de teu olhar.

Despedir-me de teus olhos me incomoda, me tortura,
Olhar por vidros tua partida me maltrata, traz loucura,
Pois eu não sei mais ter minha vida sem que viva com a tua,
Pois eu não sei mais ter meus sonhos sem que, contigo, veja Luas.

Uma delas é crescente, emocionante e sincera como o nosso amor.
A minguante se assemelha aos dias de saudade que o mundo insiste em nos impor.
Quanto à nova... Nosso amor que a cada dia se renova em meu solar,
Tão linda quanto a cheia, que me lembra teu sorriso — alegria que eu sinto quando vejo teu olhar.

As Luas são chancelas para o céu não estrelado da cidade.
É bom o céu se importar com esses marcos de sua face.
É bom que ele se importe,
Pois eu não me importo.

Tuas chancelas valem mais à vida deste bom rapaz.
Tu as fizeste à caneta em minha mão esquerda —
A mesma mão da esperança, em que repousa uma aliança —
"Amo que amo" em minha mão; a concluir, um coração.

Olho para ela neste vinte de setembro e me acabo à saudade,
Lembro-me dos sonhos que teci deitado ao lado teu,
Vem à minha mente te encontrar — felicidade —,
Vem ao meu desejo ser teu cravo, teu Romeu.

Bebo água compulsivamente: terceiro squeeze em três horas.
Meus sintomas se confundem com teus, embora ajam sem motivo.
Diversas águas perpassaram as chancelas que vigoram,
Que intactas, floridas, dão à luz um bom menino.

Tatuagens e chancelas que invocam minha dona —
Senhora lúcida, nascente, que, por sempre, me emociona —,
Unidas ao teu cheiro que meu corpo, em si, conserva,
Mescladas ao desejo que, por ti, meu dom preserva.

Em tua mão, também ficaram as minhas chancelas,
Em teu limpo coração, em tua mão da aliança...
Talvez um dia as chancelas saiam, mas em nosso coração serão eternas.
A vida é tão difícil... Mas as chancelas moverão nossa esperança...

sábado, 18 de setembro de 2010

Rival

Noivos, casados, amigos, namorados?

Tudo, já fizemos juntos.
Agora, entrevista...
Só nos resta trabalhar...

Juntos, já driblamos bons apuros.
Amor da minha vida,
Não hesito em te olhar

Pra ver a "porta aberta" —
Mar Vermelho;
Pra ver outras pessoas
No espelho.

É interessante que eu sinta saudade
Mesmo estando do seu lado.
Caminhamos e corremos à cidade
Que dá nome ao nosso Estado.

Amor, eu reconheço que, qualquer que seja o dia,
Manterei as mãos honestas ao volante que nos guia.

O primeiro rival que é tão amigo,
O primeiro rival que tanto amo!
O rival que é oposto a inimigo;
Rival que traz as letras que eu chamo
(Aliado!)

É interessante que eu sinta saudade,
Mesmos estando do seu lado.
Mas não posso te abraçar,
Mas não posso te beijar.
Precisamos ter postura à entrevista
Pr'o futuro, o quanto antes, nos chamar...

Casal quase perfeito.
Milagre quase feito
(Estaria feito se ao menos existisse...).

Sr. e Srª. Smith,
Canetas de grafite...
Te amo mais que tudo.
Vamos, juntos, decolar.

Pra tudo, há solução:
É a primeira vez que nos beijamos com as mãos...

Cobertores

Que saudade de você...
Em acordar e ver seu rosto, qual o mal que pode haver?

Se um dia nos deixamos pra não ter nenhum espanto,
Minha mente e meu desejo me levaram a você.

Eu só quero descansar serenamente
E só quero abrir meus olhos ternamente
Pra ver que nosso mundo não é mais o fim do mundo
Só pra ver que nosso mundo não se faz de confusão.

Voltando a minha casa, eu me afasto desse lar
Que é seu corpo,
Esse sorriso em sua voz, em seu olhar...

Quebro o braço pra esquecer dor de cabeça.
Quero ter, em seu abraço,
Meu direito de sonhar...

Que saudade de você...
Em dormir ao ver seu rosto, qual o mal que pode haver?

Usei tantos cobertores...
De pesados, eles foram ao chão.
Acordei desmiolado e perdi minha razão.

Passei por onde você tinha me deixado,
E hoje, meu amor,
Damos adeus à solidão...

O frio IX

O relógio já deixou as nove horas
E o resfriado já tomou posse de mim.
Eu não sei se está frio, se está calor, o que acontece...
E meu desejo absoluto de te ter perto de mim.

O que não fazes só a ver o meu sorriso?

O relógio já verá as onze horas,
O resfriado que me bate inutiliza o meu nariz
(Já não sei se o inverno fluirá naturalmente)
E o desejo irreprimível de você dentro de mim.

Como eu quero o Coca-Cola que tomou conta da China...

Recados que deixamos e trabalhos que escolhemos.
Será que, ao menos, eu já posso evoluir?

Cocas-Cola diferentes, mas iguais em seu sabor.
Um só gole aos paladares de um alguém de onde for.
A diferença é como a mesa, como os olhos de quem vê,
Como a boca que só sente a vontade de te ter.

Adoro quando tu me cantas essas tais canções de amor...

Em breve, meu relógio marca as duas horas
Que me faltam a te ter aqui comigo,
A que eu saia deste mundo num sonhar junto contigo
Sem estarmos preocupados em listar o que são horas.

Daqui a pouco nos falamos.
Daqui a pouco a dor acaba.
Daqui a pouco, pois, o nosso amor na certa
Nos fará abandonar a solidez de nossa estrada...

Rasgar de cartas

Não sei se de verdade “Panta rei” funcionará
(Pois) As mesmas pessoas ficam bêbadas no mesmo bar
E quando, por engano, finalmente, elas retornam ao seu lar,
Se ocupam habilmente a espancarem sua família.
Esquece que o mundo nem ao certo é uma ilha.

Vamos acabar com o rasgar de nossas cartas;
Vamos terminar com o cessar de nosso amor...

Qual a diferença entre a mesa de uma empresa
E a mesa de um bar?
Mesas e mais mesas — de fato são só mesas;
O que muda é quem se senta
E como delas levantar...

O pé sobre o pedal —
Pedal de uma guitarra;
Pedal de uma P.A. —
Efeitos absurdos;
Efeitos provisórios;
Efeitos vexatórios
Pra quem nunca entende o que é se levantar...

Vamos acabar com o rasgar de nossas cartas;
Vamos terminar com o cessar de nosso amor...
Vamos entender que quem só fala não diz nada.
Quero que entenda que eu estou a seu dispor...

Três minutos

Três minutos
E o ônibus já vai sair.
Você já fica aí dentro
Para eu ver você partir...

Três minutos
E o vidro deste ônibus vai te levar embora
Enquanto após alguns minutos ouvirei a plataforma.
Este vidro nos separa,
Mas ainda somos um em uma estrada.

O horário se aproxima e me afasta de você —
Acabarei com tudo isso e isso tudo d’uma vez.
Quero as maravilhas desse seu teatro mágico,
Pois esse seu teatro vai além de meus ensaios.

O que eu faço pra guardar suas relíquias?
Como faço pra seguir a sua pista?

O vidro é uma fase bem depois daquela grade...
É o momento em que o inteiro é sinonímia de metade,
É a fase da escolha entre ver e ser verdade
Ou macromídia que revela a sua face.

“Fechando e abrindo a geladeira
A noite inteira...”¹

Agora sou inteiro só por ser uma metade,
Agora sou desejo de fazer a minha parte.
O vidro me apresenta coisas do meu coração
E faz com que eu saiba que também tenho saudade.

O choro estancado pelo vidro.
Quentura dos pneus apavorando o arrepio
Que me encontra quando vejo
Os seus olhos aí dentro.

Nem mesmo o nome que esse ônibus carrega
Me rendera alguma coisa não-concreta.
E olha que é meu nome aí gravado à lataria,
Mas meu nome em seu peito faz minha noite virar dia.

E os três minutos vão e você parte,
A sensação que vem aumenta a vontade
De te ver mais essa noite
E ser feliz por ter você...


NOTA:
1. Música "Eu preciso dizer que eu te amo". Bebel e Cazuza. Composição: Dé, Bebel e Cazuza.

Duas-horas-e-vinte I

Duas-horas-e-vinte
E eu nem sei o que escrever.
E a saudade que insiste,
Me levando de você...

Mas ela te trará tão de repente
Assim ,eu agirei naturalmente.

“Passo as tardes tentando
Lhe telefonar...”¹

E eu te sentirei suavemente
Ao passo que te traz à minha mente.

Uma-hora-e-vinte
E chego perto de você.
Atenda aos meus requintes:
Me deixe sobreviver.

Sobrevivo tão-somente se estiver contigo.
Esse teu coração é meu refúgio, meu abrigo.

Eu não vi nenhuma dessas horas,
Mas o gosto em te ver, vem, se demora...

Fome II

Você me dá comida,
Ensina o que não sei.
Você me alivia
E diz o que fazer.

E eu me entrego por inteiro —
Em você eu acredito —,
Siga por meu paradeiro,
Não me deixe mais sozinho.

Vinte anos se passaram
Sem saber o que é amar,
Mas agora meus carinhos,
Não preciso mais guardar.

Divido o amor para multiplicá-Lo.
Tiro de minha mente
E adiciono ao nosso amor...

Acaba a dor quando consigo falo.
Já fui um cão sem dentes.
Não me deixe, por favor...

O frio VIII

Mais um dia absurdo que se segue.
Mais um dia em que seu rosto me protege
Das sete artes, semi-esferas, detentoras do destino.S
Sete chaves, hemisférios, em que abro nossos livros.

Mais um dia de saudade que se passa,
Mais um fogo que a distância não apaga.
Elegível, temporário — sou a chuva que não para,
Perto de você, as maravilhas não são nada.

Retas paralelas a formarem um ataca,
Formas geométricas criadas por fumaça.
Ouvir e escutar: é só começar.
Trazer a audição pr’o nosso paladar.

“Quero colo!
Vou fugir de casa!
Posso dormir aqui com vocês?
Estou com medo, tive um pesadelo
Só vou voltar depois das três...”¹


NOTA:
1.
Música “Pais e filhos”. Banda “Legião Urbana”. Composição: Dado Villa-Lobos, Renato Russo e Marcelo Bonfá.

O frio VII

Gastei todo o meu dinheiro
Para estar só com você.
Quase falto ao meu trabalho
Por não ter nem um tostão.

Já se passou um ano inteiro
Neste espaço de um mês.
Sem você eu nada faço —
Você faz meu coração.

Conto minutos pra te ver...
Onde é que está você?
Onde está esse sorriso
Que é o meu melhor amigo?

Daqui a pouco te verei...
Como é que está você?
Será que já acordou?
Você já se alimentou?

Eu preciso ver seu rosto
Nem que estejamos separados pelas grades.
O seu amor é o estojo
Em que guardo os meus lápis
De escrever e de pintar e de falarmos sobre a vida
E de viver e de amar e de quebrarmos nossas filas.

sexta-feira, 17 de setembro de 2010

Carta Virtual

O mundo está perdido. Eu também estou e já não sei o que fazer.

"Estou com medo, tive um pesadelo
Só vou voltar depois das três..."¹

Eu já não sei o que fazer sem ter você a cada momento: isso talvez seja doentio. Talvez, seja "só" amor...
E eu me pego numa paranoia de querer compartilhar tudo contigo, desde os "bom dia"'s que recebo até os Metrô News's que pego novamente (por você ter levado o meu, sem querer, em sua bolsa). Mas é bom que o tenha levado — nada melhor que um jornal a servir como lembrança de um futur ojornalista.
Voltando à paranoia, a caneta se torna uma máquina fotográfica e o papel, as nossas fotos. Fotos que tentam, em vão, me aproximar de você (mesmo que você esteja aqui dentro de mim...). Seu coração bate em meu peito. Se está tão perto, por que sinto tanto com a distância? Por que machuca tanto?
Será que já chegou em sua casa? Será que está bem? Pelo menos, aqui dentro está bem viva.

E mais uma vez um texto imparcial vertera suas bases a você...
Porque eu te amo!!!

O mundo está perdido.
Hoje assistimos a uma briga n ometrô. Logo pela manhã. Assistimos uma briga... Um idoso exigindo que uma jovem se levantasse do banco preferencial para que uma terceira-senhora se sentasse. Tudo fluiria normalmente, dentro dos seus respectivos direitos, não fossem alguns detalhes a serem expostos a seguir: havia banco preferencial livre; o idoso era extremamente mal-educado e batia em vários lugarres do vagão com um rolo de jornal; a terceira-senhora não queria se sentar.
O idoso, aos berros e urros, exigia que a moça se levantasse, em meio a chacotas e risos dos demais tripulantes. Sim, uma nave a outro mundo conta com tripulantes ( o que mais há numa nave se não tripulantes?). De qualquer forma, o humor amenizara o ambiente ridículo criado pelo idoso (, que nem era tão idoso assim)... "Se fosse um barbudo ali sentado, duvido que ele reclamaria", proferi. Célebre ensinamento do titio.

Contando com detalhes, como se você não soubesse (e não estivesse comigo durante o ocorrido). Talvez seja melhor que o mundo também o saiba. Fotografias tiradas até mesmo com você do meu lado... Tento reportar tudo a você.

E mais uma vez um texto imparcial vertera suas bases a você...
Porque eu te amo!!!

Por que o hoje se tornou ontem tão depressa? Que saudade daquele domingo que ainda tento rebuscar em minha memória...

Saudade de estar deitado ao seu lado...
Saudade do conforto dos seus braços...
Saudade do delicioso purê de batatas que você fez pra mim...
Saudade de dormir vendo você...
Saudade de acordar vendo vocÊ...
Saudade de ter, em você, a primeira e a última visões de meu dia...
Saudade de cantar para você...
Saudade de compor a sua música junto contigo...
Saudade do momento em que fazia minhas unhas...
Saudade da sua presença...
"Anyway"...
Saudade de você...

"Por que está amanhecendo?
Peço o contrário: ver o Sol se pôr..."²

Saudade de ouvir Arnaldo Antunes contigo...
Saudade dos nossos medos...
Saudade dos nossos receios...
Saudade dos nossos anseios...
Saudade de cada lágrima chorada como você...
Saudade de cada riso, de cada palhaçada...
"Anyway"...
Saudade de você...

"Eu preciso dizer que te amo..."³

Saudade de perder a hora por ganhar cada segundo com você...
Saudade dos nossos planos...
Saudade das nossas promessas (desde as que foram feitas para serem cumpridas até as que foram feitas para serem quebradas)...
Saudade das nossas viagens...
Saudade de cada doce, de cada bolacha...
Saudade de cada sorvete...
Saudade de cada arroz-e-feijão...
"Anyway"...
Saudade de você...

Outro vidro nos separou... Desta vez, foi do metrô, quase que irrompendo nossas lágrimas...
Nem são onze horas nos diversos relógios. Como eles demoram em se acelerar! E, neste momento, me deparo com a música "Yesterday", dos Beatles, que me remete à minha infância, ao começo de minha curta adolescência... "Why she had to go? / I don't know / She wouldn't say"... "Oh I believe in yesterday..."

O que será que Paul McCartney vivia e pensava quando da composição desta fabulosa canção? Será que eu também chegarei Lá?

Endereço a presente Carta Vertical ao meu destinatário predileto: o seu coração! O meu caderno também a conservará (num verdadeiro backup emocional). Você não terá em mãos, Larissa, pois em breve viveremos juntos e terá acesso direto a tudo.
Seu cheiro sempre em mim.
"Anyway"
Saudade de você...


NOTAS:
1. Música "Pais e Filhos". Banda "Legião Urbana". Composição: Dado Villa-Lobos, Marcelo Bonfá e Renato Russo.
2. Música "Relicário". Cássia Eller e Nando Reis. Composição: Nando Reis.
3. Música "Eu preciso dizer que eu te amo". Bebel e Cazuza. Composição: Dé, Bebel e Cazuza.

sábado, 11 de setembro de 2010

Torres, muros e grades

"No táxi que me trouxe até aqui,
Bin Laden me dava razão..."




[11 de setembro...]

Dia de derrubar as torres, bor!

Que tal derrubarmos as torres que tentam destruir o nosso amor? Vamos utilizar de um avião...
Você é um avião, eu sou o terrorista. Posso então te sequestrar?

Olha que legal: eu usei código no jogo — código de vida infinita por sete vidas! Velha mania de um fissurado pelos videogames...
Portanto, bor, com direito a renovação de contrato, temos sete vidas para viajarmos pelo céu azul do amor. Você literalmente me levou ao céu... Afinal, foi num show da cantora Céu, que todo o início de nossa trajetória gloriosa aconteceu...

Bor, por usarmos código, após derrubarmos as torres que só olham pr'o passado, podemos ficar sempre juntos — num voo infinito!
Eu piloto meu avião, enquanto meu avião pilota seu piloto.

Os passageiros nos serão uma Vitória!

E que as torres, os muros e as grades caiam...

Teorias do Caos

Quando tentamos nos convencer de que a vida são mil maravilhas, obtemos a certeza de que ela não é sequer nem uma. Seria chato tudo fácil. Mas é tão chato tudo tão difícil...
O que fazemos? AMAMOS!!!

E nesse 11 de setembro das tragédias, minhas horas sempre salvas por tua presença se alegram. Enquanto eu conto os segundos para que de fato isso aconteça; para que a vida não se esqueça: de que há o amor; de que há a luz...
A música "Até quando esperar", da Plebe Rude, ecoando em minha cabeça. Muitas das dúvidas presentes nessa letra compactuam com a mente das divagações que, por meio das presentes linhas, se coloca a se expor.

Larissa, meu amor, você me deu essas respostas. E me dá essas respostas. Ainda por cima, me dá forças para que eu me junte a você nessa ferrenha luta contra os males da sociedade. Às vezes, essa sociedade 'tá tão perto de nós, não é mesmo?
Quinhentos anos de história... De quê valem? De nada valem sem presente e futuro; De nada valem sem os sonhos pelo amanhã que nunca morre.
Deixe que eles tenham somente o passado, enquanto nós temos todo um futuro pela frente. Que o façamos, construamos e moldemos a bel-prazer, pois o futuro se encontra a nosso dispor, em nossas mãos.

"Em meio ao caos" e às teorias do caos, você chegou...


E é por essa chance que eu lutei
Quando olhei
Você chegar...
O melhor lugar do mundo é do lado de Lá.

Você faz com que eu acredite em meu potencial; com que eu lute pelos meus sonhos...

"Vamos duvidar de tudo o que é certo
Vamos namorar à luz do pólo petroquímico
Voltar pra casa num navio fantasma
Vamos todo mundo... ninguém pode faltar


Se faltar calor, a gente esquenta
Se ficar pequeno, a gente aumenta
E se não for possível, a gente tenta
Vamos velejar no mar de lama
Se faltar o vento, a gente inventa"

(Engenheiros do Hawaii - Pose)


Meu bor, eu te amo mais que tudo! Essa música — nosso despertador — sempre há de traduzir o nosso amor. "Remar contr a corrente", "Desafinar do coro dos contentes", "Duvidar de tudo o que é certo", "Namorar à luz do pólo petroquímico"... Nós fazemos tudo isso, né bor?

Lariii!!! Continuemos sempre juntos, pois eu preciso de seu colo e farei do impossível para que você também sempre conte com o meu.

"I'm your little lover boy"!

Amo que amo!!!

Hey, vovô


No caminho do trabalho, trajando um casaco do vovô.
A cada passo entre as ruas — veias e artérias paulistanas —,
Sinto que andaste em meu lugar, com esta blusa, em teu labor.
Há meio século, estiveste aos vinte anos, Lua e Sol em teu pijama.

Há meio século, buscavas, pela luta, os teus sonhos —
Sonhos de um garoto apaixonado pela vida, pelo estudo.
Há meio século, brada em prol da paz em meio a escombros,
Livre da maior futilidade que são sonhos de consumo.

A cor azul deste casaco que hoje me aquece contra o frio —
Imagino que assim fossem cada um de teus abraços apertados.
Talvez seja por isso que mamãe mantém o azul como sua cor favorita.
Interessante e engraçado, outrossim, que seja a predileta cor de minha namorada.

Hey, vovô! E as gatinhas? Como eram teus namoros?
Eu soube que tu foste um galante mulherengo,
Que fazias dez a zero em qualquer um bom boêmio.

Lembro-me do mapa mundi que tu desenhaste numa lona
Ele está na minha casa — perfeito!
Fica tranquilo — eu o preservo pela eternidade de tuas contas.

Quantas não foram as lições que tu retiraste de um simples caminhão...
(Tudo bem, vai... Vários caminhões!)
Japonês, italiano, tu falavas com fluência até mesmo em alemão!

Gênio!

Herdei o teu talento ao desenho, a fotografar a lápis.
Eu não desperdiçarei o encanto do teu sangue vital.

"Era um garoto, que como eu, amava os Beatles e os Rolling Stones".
Tamanha fora minha emoção quando eu soube de tuas composições...
Gênio!
Há meio século, de madrugada, estivera em meu lugar
Munido de papel, uma caneta, uma guitarra, um violão...

Já em meu trabalho,
Imagino quantas não foram as pessoas com quem tu conversaste num só dia.
Será que eu supero essa tua marca durante uma vida?
Tempo bem proporcional, tendo em vista a imensidão de nossos dons.
Quase iguais, não? Tenho em vista a vastidão do coração.

Eu soube que tu foste um bom sapateador.
('Taí uma coisa que não sou,
Mas tudo bem... Por esta, passa...)

E passo no vestibular de ser igual a ti.

A cor azul deste casaco que hoje me aquece contra frio
(O forro em roxo — minha cor de que mais gosto)
Imagino que assim fossem cada um de teus abraços apertados.
É que eu era tão pequeno quando nos abandonaste...

(Passado e futuro, no presente interligados...)
Mas a Vitória ainda tem contigo...
Portanto, peço por favor que sempre cuides dela por mim.

P.S.: Logo mais, um aniversário... Parabéns atrasado.

Manhã no metrô

Basta que se vá ao trabalho para notar que é tudo errado.

"Toda forma de poder é uma forma de morrer por nada..."¹

O transporte público, mais uma vez, nos deixa na mão nesta sexta-feira 10. Dia gostoso no clima natural, mas tão ridículo em clima comportamental. Pessoas se degladiando pelo centímetro quadrado do metrô, agente da(s) falha(s) de hoje — que, talvez, sejam reflexos límpidos das altas pessoas a se degladiarem por poder.
A paralisação que o metrô nos dá de presente, sem que, ao menos, se coloque a se paralisar... E mais alguém se mata. Por que não o faz em casa, sem "atrapalhar" toda a 2ª maior cidade do mundo? A metrópole em meio ao caos: escolher o local do suicídio — opção mais que absurda! A ligação cai antes que a ficha o faça...
Porcos entre as ruas, dinheiro à penumbra, o pavor nunca diz, mas se arruma, expõe, ataca. Clientes falecidos entre dívidas, pessoas preocupadas com o fim de um só dia — e não com o fim dos seus dias —, com mais um capítulo de mais uma novela preferia. Progressão aritmética (ou seria geométrica?). Facetas de um mesmo firmamento prometido, dado por motivos de umas guerras e conflitos; por vezes terminado em tesouro proibido.
Mulheres tão vulgares nos metrôs sem mais lugares. O vagão se transformara em trens de carga, enquanto não obedecemos aos sentidos das escadas. De quê adianta se gabar por ser destro? Desde a Idade Média, a Igraja se fazia em tal equívoco: ninguém canhoto! Braços esquerdos amarrados!
Os castelos medievais... Suas torres e escadas espirais...
As escadas eram espirais não somente por estética (nem um pouco por estética): os cavaleiros ao mais alto dos castelos. À descida em caso de invasão, o combate se desenvolvia nos degraus das escadas. Uma vez que eram espiraladas em sentido horário, os invasores precisariam se utilizar da mão esquerda no manuseio das espadas. Os defensores, por sua vez, destros, as espadas empunhadas à mão direita, obtinham tal vantagem.
Quem será que ganhava?
Seja como for, os castelos medievais não eram brancos com bandeirinhas vermelhas nas pontas, como nos desenhos de Walt Disney. Eram, em sua maioria, torres de blocos rudimentares. Não havia grandes sacadas ou varandas. Como se poderia haver segurança contra os hábeis arqueiros se se contava com tais espaços? Nem mesmo janela tinha. No máximo, eram cubículos entre um e outro blocos a fim de trazer ventilação — sim, os ambientes eram totalmente úmidos, como celas das mais precárias das prisões. Nem mesmo os nobres sabiam ler. Era um pdoer também voltado à Igreja. A fé não pode se sobrepor à vida, principalmente do ser humano. Têm de estar juntas, se auto-complementando.
Conter-me-ei a não falar acerca das lasquinhas da cruz de Cristo.

Vejamos... Toda essa história só apra que nos lembremos das mãos do trânsito; da inutilidade de se orgulhar por ser destro... Ah! E também que nos lembremos do bolo do aniversário de São Paulo em paralelo à lembrança do bolo capital inglês...

É triste e humilhante tomar o metrô com sua namorada e ver que ela, claustrofóbica, sua e passa mal por entre os túneis de nossa grande cidade. Nem mesmo um carro ou um táxi que seja, algum local seguro em meio a tal inferno.
Além do mais, o povo é baixo (fico feliz por sermos baixos somente em altura; feliz por não conseguirmos segurar com segurança os ferros do metrô). Buracos do metrô... O metrô de bons quilômetros incapaz de conter que seja um só metro de sabedoria, da parte das pessoas que nele habitam...
E ainda querem que aqui haja uma Copa...

(Tomara que dê certo...)

Futuramente, haverá mais devaneios acerca dessa Copa...


NOTA
1. Música "Toda forma de poder". Banda "Engenheiros do Hawaii". Compositor: Humberto Gessinger.

segunda-feira, 6 de setembro de 2010

Estrada

Sou um ás de espadas,
Sou um pica-fumo.
Eu sou a encruzilhada
Entre as dimensões do mundo.

E nem que haja um “black out”
E nem que a minha força falte,
A estes braços estendidos que me levam a tuas garras,
É neste beco sem saída que construo minha estrada.

Ela pode nos levar a algum lugar,
Ela pode não levar a lugar algum...
Mas o certo é que saibamos que a luta
É o que importa — seja em Sol, seja em chuva.

Ela pode ser tão boa ou tão ruim,
Ela pode ser um meio sendo um fim...
Mas o certo é que viver é uma escolha
Que depende apenas de quem não se poupa;
De quem não trava por ter olhos cheios d’água,
De quem não vê um só degrau em uma escada.

Israel à Palestina

Já fiz tantas coisas de que até ateus duvidam;
Já toquei meu doze-cordas pra que as nuvens se decidam
Se a chuva produzida é só amor de calmaria,
Se os ventos mais dispersos serviriam às ruínas...

E alguém me respondera: — Chuva é mais que fantasia;
Mais que “Flashes” no escuro;
Mais que festa à fantasia.

Ela marca o recomeço esplendoroso de uma vida;
Ainda traz o que disputo
E o amor de minha vida.

E devolve a “bola-fora”
E me ensina a ver as horas...
Fontes úteis e distintas
De Israel à Palestina.

Castelo de cartas

A indústria cheira cola,
A indústria compra “crack”.
Viciados pedem esmola
Pra virarem nossos craques.

Quanta droga há no sangue,
Quanto sangue há nos ares,
Quantas mais serão as gangues
Que nos matam os pomares.

Pormenores de vantagens
Que nos saltam os olhares.
Incertezas e chantagens
Que nos chegam aos detalhes.

Assim fica difícil
De viver sem nenhum vício.
Assim nos cortam fios
Que nos protegem de arrepios.

Uma flor é atropelada
Pego, de ônibus, em flagra.
Será mais uma simpatia?
Por que matam essa vida?
Marcas do que fui agora
Mostram que a verdade ainda está lá fora...

Você desce pra beber o seu café
E me faz ser mais completo da cabeça aos pés...

As pessoas não resistem ao que acham ser incerto
Assim como “garotos não resistem aos seus mistérios”¹.
Continuo, ainda, sendo um garoto, uma pessoa,
Que hasteia suas letras e faz delas sua força.

Você desce pra beber o seu café
E me faz ser mais completo da cabeça aos pés.
Você escala o meu morro pra me ver
E não liga se sou pobre, se sou pouco, se sou Rei
Do castelo de minhas cartas postas fora do baralho
Que detém as suas armas que não causam nenhum estrago.

Passado em paralelo

(Indo ver você...)
As filas nos ensinam que devemos esperar
(Por que eu não concordo?)
Nunca chega minha vez...
Fico ansioso pra te ver.

Você fez no passado enquanto fiz em paralelo
(Passado tão remoto... Futuro descoberto...)
A água bate em minha tez
E eu ansioso pra te ver.

Ontem, novamente, os cantares inocentes
Do casal de namorados — orações remanescentes —,
Da canoa, da jangada, que atravessam as correntes
Dos temores, das cartadas, que nos acham de repente.

Ouço o seu jeito de falar
Mesmo que hoje não tenhamos conversado
Vejo o seu jeito, seu olhar
No vazio, na inexistência de meus quadros.

Nada mais restou na parede que nunca teve nada,
De nada adiantou erguer um prédio sem escadas.
Óculos sem lentes,
Borboleta sem suas asas,
Tijolo sem cimento,
Estado sem estradas...

E nos amamos como sempre,
Dialogamos como nunca...

Você pintou meu quarto,
Borrou minha maquiagem,
Me fez ser abstrato,

(Tirou minha maquiagem!)
Agora eu existo;
Agora sou verdade.

Sorriso na voz

“Sorria, nem que seja por economia”.
São menos dores e músculos.
E bem mais luzes no escuro.

Guria, o sorris ode tua voz me alivia
De meus assombros e apuros
De tuas grades, de meus muros.

Progrido minha vida em terapia
Sem que haja bons recursos
Pra que haja o meu refúgio
Em teus beijos e abraços,
Nos quais felicidades faço.

Tu tens o sorriso na voz por empatia,
Que livra a humanidade do absurdo
E rende minha mente a um sussurro
Próximo ao teu cheiro, aos teus braços;
Próximo à rotina de meus passos.

Levo em minhas noites porcentagens de meus dias.
É tua voz que sempre escuto
Às estratégias que eu estudo.

Pra mim

Os poucos bairros da cidade
Que formam uma cidade à parte
São opostos à minha dura realidade.
Definitivamente,
Isso não é pra mim.

Disputas inundadas
Pela crítica infundada
Aos meus passos pela estrada.
(Racismo!) Francamente,
Isso não é pra mim.

Hospitais de alta classe
Ricaços podres e selvagens,
Rouquidão da sociedade
Que não guarda sete chaves.
É terrível tão somente
Isso nunca ser pra mim.

Filhos que não temos,
Ensaios e venenos,
Ciúmes e desprezo...
Terminantemente,
Isso não é pra mim.

Mas eu espero sim, um dia,
Ter a altura de seus olhos,
Ver a luz de um só dia
Pra que as dores tenham fim.

Apontador

A risada de sua filha não é nada?
Por que não ri do que não é tão engraçado?
Sou culpado por sentir e dar risada
Dos desastres dessa vida do colapso.

Aponto o dedo
Pra não ter que apontar um novo lápis...

Indícios corriqueiros desse meu conto de fadas.
E eu, como estrangeiro, do amor nunca sei nada.
Eu protejo sua vida contra esses seus cigarros
E ainda me acusam de ser fútil, tão relapso.

Onde eu o faço?
Juro que não descobri,
Certo por não mais haver resposta.

Quando é que eu me calo?
Eu o faço pra te ver feliz?
(Certo de que não há mais resposta...)

Aponto o dedo
Pra não ter que apontar um novo lápis...

Posso, então, ficar sem escrever?
Assim, não dou razão a tal repúdio por meu ser.
Posso, então, abandonar as doze-cordas?
Talvez, por esse meio, encontremos a resposta.

Aponto o dedo
Pra não ter que apontar um novo lápis...