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(Friedrich von Schiller)

sábado, 26 de dezembro de 2009

O ataque no Vaticano

Durante a procissão de entrada da Missa do Galo, no Natal deste ano, há apenas dois dias, o papa Bento XVI foi seguro e derrubado por uma mulher que saltou as grades de segurança da Igreja. A autora do ato, Susanna Maiolo, de 25 anos, foi levada a uma unidade de saúde especializada em transtornos psiquiátricos. A jovem, que possui nacionalidade suíça e italiana, também derrubou o cardeal francês Roger Etchegaray, de 87 anos, que fraturou o fêmur.
Em entrevista ao jornal italiano La Repubblica, Susanna afirmou que não era sua intenção machucar o papa. Interessante é o fato de ela ser reincidente: ano passado — trajando a mesma blusa vermelha de anteontem —, ela também tentou atacar o papa, saltando as barreiras, mas foi impedida pela equipe de segurança. Este ano, exatamente como em 2008, viajou da Suíça (onde reside) a Roma exclusivamente a participar da missa de Natal.

Numa matéria d'O Estado de São Paulo de hoje (26 de dezembro), consta: "O padre Federico Lombardi, porta-voz da Santa Sé, disse que não é realístico pensar que o Vaticano pode conseguir 100% de segurança, considerando que o papa está frequentemente rodeado por milhares de pessoas nos eventos. 'Parece que (a segurança) atuou o mais rápido que pôde numa situação em que o risco zero não pode ser atingido', disse Lombardi. Mas o porta-voz afrimou que os chefes de segurança do Vaticano vão estudar o episódio para 'tentar aprender com a experiência'" e a reportagem prossegue: "'Não ocorreu nada grave. Trata-se de uma mulher que tentou saudar o santo padre', minimizou o presidente da Conferência Episcopal Italiana, cardeal Angelo Bagnasco" (VATICANO revisa segurança pós-ataque. O Estado de São Paulo. 26 de dezembro de 2009. Caderno Vida &. p. A9.).


Saudar o santo padre?


Certa vez, um amigo expôs uma opinião interessante acerca de ações semelhantes a essa. Como fundo de cena, cabe explicar que, assim como eu, esse amigo — cujo nome preservarei — é membro da Soka Gakkai Internacional. Na SGI, temos um mestre da vida — o presidente, Dr. Daisaku Ikeda. Continuando, ele afirmou que precisamos analisar com cuidado o sentimento que possuímos por nosso mestre. Queremos nos encontrar com ele apenas para tirar uma foto e colocar no orkut? Decerto que não, visto que o fato de possuir um mentor é muito maior que isso; grandioso demais para se vulgarizar internet afora.
Creio que o mesmo se possa aplicar ao sumo Pontífice. É adequado expor o líder da Igreja a esse ponto? Sou praticante do Budismo, mas minha paixão pela humanidade como um todo me faz expressar certa irritação ante o ocorrido. Mesmo que Susanna Maiolo pulasse a cerca somente para pedir um autógrafo, a meu ver, fugiria ao espírito de se seguir uma doutrina, por ir de encontro ao propósito da Cerimônia. O respeito para com o papa, para com os cardeais e — por conseguinte — para com os fiéis que também assistiam à Cerimônia, fora totalmente espezinhado. Conforme lido acima, o cardeal Etchegaray está com o fêmur quebrado. Assiste a nós, como bons terrenos, que topamos, indignados, com notícias deste cunho, torcermos e orarmos pela mais pronta recuperação do cardeal, pois, além da gravidade contígua ao ferimento por si só, há ainda o fator de sua própria idade, já avançada. E se um ferimento mais grave tivesse ocorrido ao cardeal ou ao próprio papa Bento XVI? A ausência do cardeal já é pesada à Igreja em todo o mundo. Imaginemos se tivesse ocorrido ao papa? Simplesmente, a cerca de um bilhão de católicos constatados ao redor do globo seriam afetados de alguma maneira, podendo ficar sem direcionamento dentro de sua fé.


Lamentável histórico


A mesma matéria ainda informa o seguinte: "A agressão de Susanna Maiolo contra Bento XVI recordou outros incidentes semelhantes. O principal foi o atentado contra João Paulo II no dia 13 de maio de 1981. O papa cruzava a Praça de São Pedro em um veículo aberto cercado por cerca de 20 mil fiéis. O turco Mehmet Ali Agca, de 23 anos, acertou três disparos em João Paulo II. Ali Agca está preso na Turquia e deve ser libertado no próximo mês.
"Segundo a chancelaria do arcebispado de Cracóvia, outros dois projetos de atentado contra o papa polonês foram abortados. Eles ocorreriam nas visitas pastoriais ao seu país natal, entre 1983 e 1987. Há oito anos, o jornal The Times relatou que a Al Qaida [ou Al Qaeda] planejou assassinar João Paulo II nas Filipinas, em 1999.
"Em junho de 2007, um jovem alemão de 27 anos, também com problemas psiquiátricos, tentou lançar-se sobre o veículo onde estava Bento XVI" (Ibidem).


Jovens!


Estranha coincidência é o fato de todos os atentados listados acima contra os dois últimos santos padres terem sido executados por jovens (idades: 23, 25 e 27 anos). Embora haja a possibilidade de estes jovens não terem arquitetado os ataques, de fato, há a presença dos jovens neles. Hipoteticamente, teriam sido corrompidos ao mal (oras, só pode ser). Jovens com problemas psiquiátricos, todos eles — de acordo com o que especialistas constataram. É inprescindível o exercício da plena cidadania a fim de evitarmos crashes e surtos psiquiátricos. Precisamos expandir nossas redes de diálogo por todo o mundo — por mais que tal solução se apresente enfatizada em meus textos. E tal intento só se faz possível ao iniciá-lo por nós mesmos. Dialoguemos com todos com quem depararmos.
Como moro na cidade de São Paulo e sempre pego o metrô na hora do rush, sei que, além de a correria das grandes cidades ser um verdadeiro pandemônio, é impossível conversar com todas as pessoas. Porém, nosso sentimento de fazê-lo é o que conta. Uma propaganda atual de uma renomada indústria petroquímica mostra uma sequência de trocas de olhares: começando por um cachorro, as cenas envolvem pessoas, um carro e o próprio posto de gasolina — foco do reclame. A moral é que cada olhar demonstra o "sonho de consumo" do personagem em questão. Por que não fazemos da pura condição de humanidade das pessoas o nosso próprio "sonho de consumo"?
Assim, podemos olhar fixamente nos olhos de cada uma delas, mesmo que por uma fração de segundos, e transmitiremos, seguramente, a paz, a convicção, a justiça e a esperança, além de outros benéficos valores impossíveis de serem listados, tamanhas são as suas quantidades.


NOTA (in memorian)
Faleceu hoje, pela manhã, aos 80 anos, Muíbo César Cury, radialista e locutor da Rádio Bandeirantes. Sensibilizado, manifesto profundo sentimento pelo passamento desse grande ícone do radialismo brasileiro, que contava com quase 60 anos de trabalho na Rádio Bandeirantes.

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