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"O gênio e a natureza fizeram uma aliança eterna: o que o primeiro promete, a segunda certamente realiza".
(Friedrich von Schiller)

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Apartheid II

Um time que tem onze atacantes,
Em que nenhum deles sabe ser um centroavante.
Máquinas de guerra no lugar das de escrever,
Mortes irrequietas insistentes em dizer
O que fazer pra se manter;
O que manter para viver.

Redações que não se apegam a seus temas
+ Canções que não se apegam aos fonemas
Sob um mundo regulado por problemas valvulados
Sobre erros ministrados pelo mundo regulado.

Permanecer sobre esse muro é uma escolha
Necessária desde a era “Guaraná-com-Rolha”,
Explanada por um livro que, sem folhas,
(Que soube mais que um só livro de cem folhas;)
Ensinou a poesia de cem folhas;
Chamada vida com desejo de vingança,
Estarrecida pela falta de união.

Sobrevivo à nossa pira de matanças
Sendo errado sem deixar de ter razão.

A Guerra Santa é menos grave que uma dança
Coreografada por quem mata por matança;
Coreografada por quem perde a esperança;
Protagonizada por quem cede a liderança.

Por que não nos ensinam a vencer?
Por que nos incentivam a sofrer
Em vez de nossos dons, com muito esmero, compartirmos
A quebrarmos nossas pontes que ligavam ao destino?

O tabuleiro já deixou de ser xadrez;
Damas corrompidas, transformadas em turnês...
O piano já perdeu seus acidentes
E, com teclas desiguais, está ganhando muitos dentes.

Um time sem goleiro é como a zaga sem zagueiro.
Um ríspido guerreiro é um fumante sem isqueiro.

Sem desigualdade, que juntemos as metades
Da laranja tão mecânica — a máquina das artes —
Sem ter posições — decorações —, num carrossel,
Vimos, nesse instante, ao “plus” da chuva que, do céu,
Mostra que um time só precisa de um esquema
E que tudo nessa vida pode, em si, virar poema.

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