Um time que tem onze atacantes,
Em que nenhum deles sabe ser um centroavante.
Máquinas de guerra no lugar das de escrever,
Mortes irrequietas insistentes em dizer
O que fazer pra se manter;
O que manter para viver.
Redações que não se apegam a seus temas
+ Canções que não se apegam aos fonemas
Sob um mundo regulado por problemas valvulados
Sobre erros ministrados pelo mundo regulado.
Permanecer sobre esse muro é uma escolha
Necessária desde a era “Guaraná-com-Rolha”,
Explanada por um livro que, sem folhas,
(Que soube mais que um só livro de cem folhas;)
Ensinou a poesia de cem folhas;
Chamada vida com desejo de vingança,
Estarrecida pela falta de união.
Sobrevivo à nossa pira de matanças
Sendo errado sem deixar de ter razão.
A Guerra Santa é menos grave que uma dança
Coreografada por quem mata por matança;
Coreografada por quem perde a esperança;
Protagonizada por quem cede a liderança.
Por que não nos ensinam a vencer?
Por que nos incentivam a sofrer
Em vez de nossos dons, com muito esmero, compartirmos
A quebrarmos nossas pontes que ligavam ao destino?
O tabuleiro já deixou de ser xadrez;
Damas corrompidas, transformadas em turnês...
O piano já perdeu seus acidentes
E, com teclas desiguais, está ganhando muitos dentes.
Um time sem goleiro é como a zaga sem zagueiro.
Um ríspido guerreiro é um fumante sem isqueiro.
Sem desigualdade, que juntemos as metades
Da laranja tão mecânica — a máquina das artes —
Sem ter posições — decorações —, num carrossel,
Vimos, nesse instante, ao “plus” da chuva que, do céu,
Mostra que um time só precisa de um esquema
E que tudo nessa vida pode, em si, virar poema.
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