Seja bem-vindo!

"O gênio e a natureza fizeram uma aliança eterna: o que o primeiro promete, a segunda certamente realiza".
(Friedrich von Schiller)

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

O frio II

Mais um dia que acaba bom
Por eu ter visto minha doce dama.
Mais um livro que se fecha, leve,
Quando me deito exausto em minha fria cama.

Enquanto uns habitam nuvens sem ao menos terem voado,
Há as nuvens que esquecem como haviam trovejado.

Mercados cheios, vidas tão vazias.
Um só carteiro que procura uma palmilha.
Países que “batalham” por justiça
São quadrilhas que nos roubam à luz do dia.

Contudo, eu sigo em frente
Sem olhar a um só lado
A fim de me perder em acidentes
Que combinam com o Lá do meu teclado —
Reluzente, tão somente, em tom brilhante;
Tão oposto à luz vermelha dos flagrantes.

Idiomas que se perdem entre o nosso;
Amazonas que se perdem no que é nosso...
Lugares que não levam a lugar nenhum;
Coisas que se perdem se haver motivo algum.

Mais um dia que acaba bom;
Que exige que eu use um edredom
Visto que tua ausência contamina minha sede
Da conjunta iminência que procede
Em prol do frio que, pela noite, contagia —
Pela noite em equilíbrio do pós-dia...

Falta ou saudade?
Talvez nenhum dos dois.
Pois quando se vive sem sentir a outra metade,
Em saber que está longe e só se chega bem depois,
É difícil ficar vivo...
É difícil ter abrigo...

Eu só quero ter mais tempo pra dizer que eu te amo;
Eu só quero dar um tempo a esse tempo tão gritante.
E, mesmo que precise dar um sopro ao berrante,
Quero sempre que tu saibas que, por tua vida, eu chamo.

Nenhum comentário:

Postar um comentário