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"O gênio e a natureza fizeram uma aliança eterna: o que o primeiro promete, a segunda certamente realiza".
(Friedrich von Schiller)

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

O frio VI

a.
'Tá tão calor no mundo todo...
Pelo sabor dos desaforos
Afagados pelas mágoas e angústias
Provedoras de uma busca absurda.

Absurdamente sem sentido...
Absurdamente "sem noção"...

Mas o frio ainda aquece a saudade
Que impera sobre as cores da cidade
Resultante, relutante em não ter cor,
Salpicada em temperos sem sabor.

Daqui de onde estou, escuto a música em tambores.
Onde quer que eu esteja, superou seus dissabores.
E, pra ser muito sincero, já não sei aonde irá
A batida em tom honesto de jamais voltar atrás.

Calor de só quarenta graus.
Por que só eu não sinto?
Estou perdido em maus lençóis,
Cadê o amor de que preciso?

Ela vem ao meu encontro,
Em tom romântico, galante...
Ela retira os meus assombros
Com seu sorriso radiante.

E eu espero em meus romances
Pelo mais perfeito instante...


b.
Hoje passei fome num contexto literal
(Chorei feito criança sem vestígio teatral),
Pedi por uns trocados pelas ruas da cidade
Que se forma pelo bairro que retém minha saudade.

Talvez eu seja estranho e tenha um quê de "kamikaze",
Talvez um simples vento fornecesse liberdade
Desde que pudesse ser soprado pela boca
Da mulher de minha vida, que me deixa sem escolhas.

Escolho nunca ter de escolher.
Escondo-me às trincheiras do viver.
De meu carinho, planto e vivo; dou adeus ao meu castigo.
Aos importantes empecilhos que nos cercam, damos visto

Pra que partam nús em direção ao Sol...
Pra que tragam luz à escuridão do meu lençol.

Em meio à fome, me senti pedir esmola
E deram mãos sem mão beijada
Ao plano índigo da estrada.

Construção que me servira de escola
E dera força à brigada
Contra o incêndio das palavras.


NOTA
(E um saco de pipoca doce satisfez a minha fome...)

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