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"O gênio e a natureza fizeram uma aliança eterna: o que o primeiro promete, a segunda certamente realiza".
(Friedrich von Schiller)

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Sétima arte

(Como um velho filme, um tom,
um som rodado em meu coração)

Ao som de nossos solos musicados
Harmônicos, oráculos, melódicos,
A mágica dos pântanos ilhados
Sai do nosso sonho vão, metódico;
Mostra o terror de tal tormenta
Rebuscada pela noite barulhenta,
Tocada pelo cíclico silêncio,
Armada só por tudo o que dispenso:

Tem muita gente incomodando nesta minha solidão
Diz, minha querida,
Como faço para ser solteiro
Pelos breves instantes em que sinto falta de sentir teu coração
Batendo ao enlevo do teu corpo por inteiro.

Muros incapazes de negar as fortes armas,
Grades eficazes em barrar as tuas rosas:
Vida num castelo encrustado numa escala
Farta, matriarca, comedora de suas notas.

Louros e morenos são metades que levaram
O Velho Mundo dos quadrantes ao açúcar desbotado.
Hoje, nossa regra é escrever nossos jornais
Amando independentes: velho dom das capitais.

"Nas grandes cidades de um país tão violento
Os muros e as grades nos protegem de quase tudo
Mas o quase tudo quase sempre é quase nada
E nada nos protege de uma vida sem sentido...
O quase tudo quase sempre é quase nada
E nada nos protege de uma vida sem sentido..."¹.

Ou nada-mais-protege-que-uma-vida-sem-sentido?
Ilusão de ótica dos rápidos sorrisos
Ouvintes das notícias que criamos sem ouvir
Às falsas flores do rupestre já deixado de existir.

Primeiras impressões e rendição às evidências:
Sinônimos e antônimos armados de aparências.

Mas as armas e as rosas que me deste de presente
Continuam desenhadas nesta minha camiseta
Enquanto eu as copia num caderno descontente
Por ouvir as minhas queixas de besouro e borboleta.

Sonho, simplesmente, para sonhar mais uma vez
Mais discretamente que parece parecer.
Sonho novamente, desde ontem, para te ver.
Sonho novamente, desde sempre, para vencer
As distâncias e os ataques dos remédios invencíveis;
As alfândegas, massagens, dos negrumes impossíveis.

Entra no meu peito
Lá se aloja,
Não sai mais.

Vence teu receio
Vem, se aloja
Pois aqui é o teu lugar.


NOTA:
1. Música "Muros e Grades". Banda "Engenheiros do Hawaii". Letra: Humberto Gessinger; Música: Augusto Licks.

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